Ensino Médio | 18/12/2012 21h05min
As escolas da rede estadual estão colocando em prática um novo modelo de avaliação dos estudantes que diminui o risco de repetir o ano.
O sistema, chamado de "avaliação emancipatória", está vinculado à reforma do Ensino Médio promovida pela Secretaria Estadual da Educação. Substitui notas por conceitos descritivos e dificulta a reprovação ao tolerar que o aluno vá mal em até uma área de conhecimento.
Nas últimas semanas, como as escolas devem inserir a avaliação dos estudantes no sistema informatizado, se tornou concreta uma mudança estabelecida ainda no começo do ano. O antigo modelo de atribuir notas de zero a 10 e reprovar estudantes que não atinjam a nota mínima em qualquer disciplina começou a ser eliminado dos colégios da rede estadual na prática.
Este ano, a alteração vai atingir somente os alunos do 1º ano do Ensino Médio. No ano que vem, deverá abranger os anos seguintes e, no futuro, virar norma em toda a Educação Básica estadual. Em resumo, as notas são substituídas por conceitos de aprendizagem "satisfatória", "parcial" ou "restrita". Além disso, passam a ser atribuídos não a cada disciplina isolada, mas a cada uma das grandes áreas de conhecimento em que as matérias tradicionais foram reagrupadas — matemática, linguagens, ciências humanas e biológicas.
— Os professores de disciplinas de uma área, como história e geografia, por exemplo, têm de sentar e entrar em consenso sobre qual é o conceito do aluno. É um avanço porque os coloca debruçados sobre o processo daquele estudante — avalia a coordenadora do Ensino Médio da SEC, Maria de Guadalupe Menezes de Lima.
Outra mudança é que, se o aluno tirar conceito "restrito" em apenas uma área de conhecimento, poderá passar de ano. Levará com ele, porém, um parecer indicando em quais habilidades precisa melhorar. Com base nisso, os educadores deverão elaborar um plano de apoio para o estudante superar as dificuldades. Ele só será reprovado se tirar conceito insatisfatório em duas ou mais áreas de conhecimento. A medida vem despertando debate nas escolas. A supervisora Maria Aparecida, do colégio porto-alegrense Paula Soares, teme um efeito negativo.
— Acredito que é uma maneira de mascarar os índices de reprovação sem que os alunos aprendam — critica.
A representante da SEC discorda:
— Não estamos implementando promoção automática. A avaliação emancipatória é um referencial antigo e já aplicado em municípios e estados como Minas Gerais
Segundo Maria, a intenção é utilizar a avaliação mais descritiva como um recurso para melhorar o aprendizado do aluno ao longo do ano. Os gaúchos são campeões nacionais de reprovação no Ensino Médio (veja quadro). A professora da Faculdade de Educação da UFRGS Vera Peroni, falando apenas em tese, afirma que a avaliação tradicional é insatisfatória:
— Um parecer é capaz de dizer mais sobre um aluno do que um número. O objetivo da política educacional é identificar porque o aluno está aprendendo. Nesse sentido, não adianta avaliar só para dizer que está mal.
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