O silêncio, ao que tudo indica, venceu a batalha contra o ruído. Desde quinta-feira a Escola de Educação Infantil União Criança, em Porto Alegre, mudou o local de lazer das crianças para evitar barulho. Um terraço, dentro da sede do clube localizada no bairro Moinhos de Vento, foi adaptado para que a meninada possa brincar.

A medida foi tomada após o Grêmio Náutico União (GNU), proprietário da escola, receber da Justiça decisão proibindo que as crianças fizessem atividades na casa situada em frente à sede do Moinhos de Vento e também pertencente ao clube. A ação judicial foi movida pela escritora e vizinha do clube, Cíntia Moscovich, que alega ter perdido o sossego em decorrência do ruído causado pela criançada. A escola União Criança existe há cerca de 30 anos mas, desde 2008, está instalada em uma casa anexa ao clube, na Rua Marquês do Herval, — junto à residência da escritora.

Cíntia mantém oficinas de literatura em sua residência e diz que não consegue manter a concentração no trabalho, em decorrência do barulho da escola infantil. Ela afirma que tentou fazer acordo com o clube antes de entrar na Justiça. Após uma perícia, a Justiça concluiu que o ruído médio era "muito acima do valor máximo estabelecido pela legislação vigente".

O superintendente do clube, Myron Moraes, chegou a cogitar, em novembro, fechar a escola.

— A escola é pequena, o ruído não é uma coisa absurda. Teremos que privar essas crianças de brincar no pátio, o que vai representar uma queda na qualidade do ensino — reclamou, na época.

Com a intimação da Justiça para cessar o barulho, o Grêmio Náutico União decidiu acatar a decisão. Já na sexta-feira as crianças passaram a brincar num terraço situado na parte externa da sede do Moinhos de Vento. As aulas continuarão ocorrendo dentro da casa, mas não as atividades de lazer, explica o gerente de marketing do clube, Fernando Lemos.

ZERO HORA