Bullying | 29/11/2012 07h32min
Quem nunca sentiu-se uma das pessoas menos inteligentes da classe, tirou zero nas provas e teve notas baixas no bimestre? Quem nunca sentiu-se sozinha e sem amigos? A jornalista e escritora joinvillense Vanessa Bencz já passou por isso e conta que não foi nada fácil. Mas conseguiu superar todos os obstáculos da vida escolar e hoje é uma pessoa feliz e realizada.
Quando estava em idade escolar, ela recebeu o apelido de garota distraída. Sofreu bullying por parte de alunos e professores, e chegou a pensar que nunca seria uma pessoa "normal". Foi uma longa jornada até descobrir que poderia ser feliz e ter uma vida igual à de seus colegas.
— Eu era bem tímida, chegava a tirar zero e tinha pouquíssimos amigos. Até que aos 15 anos, surgiu a preocupação com o que estava acontecendo e pedi ajuda aos meus pais, que me levaram para conversar com uma psicóloga — diz Vanessa, contando que chegou para a consulta e falou que era muito burra, só tirava notas baixas e que, ao contrário dela, seus irmãos eram bons nos estudos.
Esse pensamento não era à toa, já que ela sofria muita discriminação. Além do apelido de garota distraída, pelo qual era chamada, era tratada pelos professores como uma aluna que não tinha mais solução.
— Eles me diziam que meus pais deviam ter muita vergonha de mim — conta a escritora.
Diante da reação de Vanessa, a psicóloga decidiu fazer uma série de testes, durante um mês inteiro.
— Ela disse: vamos ver se você é burra — diz a jornalista, que tirou nota máxima em todos os testes.
— O que acontecia é que eu tinha outra maneira de aprender e os professores não estavam sabendo utilizar o método certo.
Vanessa começou a ler livros mais adequados a sua idade e passou a sentir-se bem melhor e mais participativa. Ela passou no vestibular para o curso de Jornalismo com nota máxima na redação.
A vida na faculdade foi muito diferente. Ela destacou-se em diversas disciplinas e recebia incentivo dos professores. Hoje, aos 28 anos, é jornalista e escritora, e faz trabalho voluntário nas escolas de Joinville.
Trabalho voluntário e "apaixonante"
Passar por um longo período de discriminação e baixa autoestima fez de Vanessa uma pessoa sempre pronta a ajudar aqueles que se sentem inferiores e pensam que não poderão mudar nunca. Após o tratamento com a psicóloga e a descoberta de que "não era burra", ela começou a escrever pequenos textos sobre a sua vida durante a infância e a adolescência, e como aconteceu a mudança. Esses cerca de 20 textos acabaram virando um livro.
Relato do Sol conta as várias passagens da vida de Vanessa até entrar para a faculdade de Jornalismo. Fala sobre sua infância, vida escolar, as brincadeiras de criança e até a separação de seus pais. A publicação foi contemplada pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), que colocou como contrapartida a doação de 250 livros para escolas públicas de Joinville.
Mas Vanessa achou que precisava fazer mais do que doar livros. Queria levar a cada escola, alunos e professores a sua experiência. E mostrar que é possível realmente mudar.
Hoje, Vanessa faz palestras nas escolas, o que ela chama de bate-papo com alunos e professores.
— Está sendo uma experiência incrível — afirma, explicando que conta sua história a estudantes de 10 a 18 anos, muitos dos quais escrevem cartinhas falando o que pensam e o que sentem (veja uma delas abaixo).
Todas guardadas com muito carinho. A escritora conta que muitos alunos ficam chocados com suas histórias, mas, ao mesmo tempo, sentem-se incentivados.
Por enquanto, Vanessa concentra suas palestras em Joinville, mas garante que está aberta a experiências em outras cidades. Já esteve em cerca de 10 escolas. No início, oferecia suas palestras, porém, hoje, recebe convites para contar sua experiência.
— É um trabalho voluntário, pelo qual sou totalmente apaixonada — diz a escritora, que deixou seu emprego para se dedicar à atividade.
Vanessa também tem um blog, chamado Garota Distraída, que pode ser acessado no endereço http://garotadistraida.wordpress.com.
Cartinha de um dos alunos para Vanessa
Bianca Farias, 16 anos
EEB Dr. Jorge Lacerda
Amei a visita da Vanessa na escola, compartilhando a experiência de sua vida e levantando o nosso astral. Nos trouxe um incentivo que mostrou que todos somos capazes quando queremos algo na vida.
Estou muito feliz com a visita, que me mostrou que somos capazes e me motivou a seguir o sonho de fazer medicina e tenho certeza que não fui a única a se sentir motivada. Só quero agradecer pela visita e pelo incentivo a ser feliz. Desejo toda a felicidade à Vanessa e sucesso ao casal.
Relato do Sol, o livro de Vanessa, conta experiências da sua infância e adolescência, que são compartilhadas com estudantes e professores
Foto:
Salmo Duarte
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