A Educação Precisa de Respostas | 29/11/2012 06h01min
Um jornalista que insere mulheres marginalizadas no ensino, um publicitário que desenvolveu um sistema de aprendizado online aberto, um professor que criou um canal de televisão na internet. Essas são apenas algumas das muitas histórias que devem ser compartilhadas hoje no TEDxUnisinos. A segunda edição do evento promovido pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos segue tendo como tema a educação.
Diferentemente do ano passado, quando o foco era a atuação solidária, quem comparecer ao Centro de Eventos da Fiergs, a partir das 9h, ouvirá relatos voltados à inovação. Ao longo do dia, 15 palestrantes apresentarão iniciativas locais, regionais e nacionais.
O evento da Unisinos é focado em ações práticas, mas que não deixam a teoria de lado. É o caso da Educopédia e do Rioeduca, criadas pelo publicitário Rafael Parente. As plataformas digitais permitem o compartilhamento de conhecimento e, ao mesmo tempo, estimulam a participação dos alunos em funções técnicas, como monitorias em aulas de informática. Como resultado, professores e alunos trocam experiências, com um efeito direto no rendimento em sala de aula.
— Para mudar a educação nós precisamos experimentar, ousar, reconhecer e responder a padrões emergentes. Precisamos de mudanças de ruptura, de novas formas de pensar e agir. Precisamos de uma educação completamente nova para que nossas crianças e jovens consigam assumir um papel protagonista num mundo completamente novo— afirma Parente.
As inscrições para o evento já estão encerradas, mas ele será transmitido ao vivo pelo site do TEDxUnisinos.
Participantes do TEDxUnisinos citam exemplos e ideias de uma educação inovadora
Olhos e mentes na educação — Vladimir Krueger, professor do Colégio Estadual Engenheiro Ignácio Christiano Plangg
Krueger promove oficinas, atividades lúdicas e diálogos entre a escola e a universidade no colégio Ignácio Christiano Plangg, em Novo Hamburgo. Para cativar alunos cada vez mais ligados a dispositivos tecnológicos, Krueger acredita que é fundamental motivar os alunos através de atividades diferenciadas.
— É necessário, primeiro, trazer o discente para o lado do professor, fazer com que o ambiente seja simpático, sem fazer com isso algo desorganizado. Na explicação de um conteúdo em português, por exemplo, utilizo algo trabalhado no teatro. O docente deve trazer tais equipamentos para o seu trabalho, desenvolver com a utilização de celulares uma atividade de produção de micro-contos, de até 140 caracteres. Se for impossível vencer o inimigo, alie-se a ele.
Respostas para a educação pública — Rafael Parente, subsecretário de Novas Tecnologias Educacionais do município do Rio de Janeiro
Criador da Educopédia e do Rioeduca, Parente defende a personalização do ensino através do uso das tecnologias digitais. Entretanto, acredita que, acima de tudo, a inovação deve ser pensada de maneira criativa, sem depender necessariamente de dos aparatos eletrônicos.
— Na Educopédia temos oficinas e cursos que fazem uma reflexão sobre a personalização do processo de aprendizagem, sobre o papel do professor como arquiteto do ensino. Esses conteúdos são abertos, e podem ser acessados por qualquer um. Além do coordenador pedagógico, temos alunos e professores embaixadores, que ajudam auxiliam na capacitação profissional, atuando como mediadores e tutores. Nós temos alunos de até 10 anos que já atuam como tutores, auxiliando os professores a montar equipamentos eletrônicos.
Melodias que ensinam — Ramiro Bicca, professor do Colégio Anchieta
Estudar Noel Rosa durante o doutorado não foi mero divertimento para Bicca. Ao transformar em música conteúdos como a Revolução Francesa ou a História do Brasil, o professor torna o conteúdo mais atraente.
—A educação inovadora não parte apenas do professor, é um processo longo, complexo, que também depende de condições externas como família e governo. É interessante que o professor saiba levar à sala de aula diferentes instrumentos que despertem o interesse de seus alunos (músicas, textos, imagens, filmes etc), pois aprender com prazer é bem melhor, mas educar também significa mostrar que a sala de aula é um espaço de responsabilidades, não um clube para diversões.
Números que não assustam — Gustavo Reis, fundador da escola Mathematica Et Cetera
Gustavo Reis tem a árdua tarefa de tornar a matemática mais atraente. Ao desmistificar a matéria temida por muitos, Gustavo dá atenção especial ao uso do empreendedorismo na educação.
— Inovar significa apenas colocar os bons professores permanentemente à disposição dos alunos através de qualquer dispositivo de acesso, fixo ou móvel, para que alunos possam se aprimorar a qualquer momento. Inovar prevê, também, considerar as diferenças entre os alunos e oferecer conteúdo que se adapte verdadeiramente ao ritmo de aprendizado e à bagagem de cada um. Ao contrário de muitos, não sou fervorosamente contrário à "decoreba". É importantíssimo desenvolver conceitos matemáticos como abstração e lógica.
Alunos na dianteira da ecologia — Josiara de Quadros, professora e vice-diretora do Colégio Estadual Dr. Wolfram Metzler
A bióloga Josiara Ilha de Quadros quer mudar a visão que os alunos do colégio Wolfram Metzler, em Novo Hamburgo, têm do mundo. Recentemente, o reconhecimento desse trabalho levou os alunos para uma feira de sustenabilidade, no Peru.
— No projeto Monitores Ecológicos os alunos são capacitados por bolsistas para auxiliar em ações de reforço escolar, aplicação de jogos, inclusive alguns criados pelos monitores. Esse trabalho ajudou a diminuir o índice de reprovação. Nesse projeto os alunos também têm espaço para criar, como um trabalho em histórias em quadrinhos, proposto por eles, que envolveu o uso de um laboratório de informática que não estava em uso devido à falta de professor.
Projetos que merecem ser divulgados — Justin Reeves, diretor da Ong 10x10
Pode parece simples, mas tornar boas ideias públicas é um grande passo para compartilhar conhecimento. Esse é o pensamento de Justin Reeves. Com experiência em países como Argentina, Equador e Chile, o jornalista busca dar visibilidade à questão feminina, através de trabalhos com mulheres e meninas marginalizadas e infectadas com o vírus HIV.
— Uma parte fundamental do trabalho que nós desenvolvemos na 10x10 é chamar a atenção para as nossas ações. O longa metragem Girls Rising mostra justamente isso. É um projeto sobre projetos educativos, e que focaliza nossas ações para a educação das mulheres. Sem esse tipo de movimento, nós não conseguiríamos chamar a atenção para boa parte de nossas iniciativas e, mesmo as boas ideias correriam o risco de ficar esquecidas devido à falta de visibilidade.
Bastidores do documentário Girls Rising, um dos temas da palestra do jornalista Justin Reeves
Foto:
10x10act.org Educate Girls Change
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Divulgação
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