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Educação Básica  | 27/11/2012 23h16min

Assaltos a alunos de colégios de Porto Alegre preocupam pais

Ataques a estudantes disparam alerta em escolas e levam BM a estudar mudança na estratégia de policiamento

Thiago Tieze  |  thiago.tieze@zerohora.com.br

A segurança de alunos no caminho de escolas localizadas em um eixo dos bairros Boa Vista e Três Figueiras, em Porto Alegre, tornou-se um motivo de preocupação de pais. Diante dos ataques a crianças e adolescentes em plena luz do dia, um dos colégios mais tradicionais da Capital, o Anchieta, solicitou mais policiamento ostensivo à Brigada Militar.

Alunos do colégio localizado no bairro Três Figueiras, Gregório Queiroz, 15 anos, e Matheus Correa Bay Jr., 14 anos, foram assaltados no mês passado, quando voltavam para casa, por volta do meio-dia. Acostumados a caminharem com mais amigos, na ocasião estavam entre seis garotos, todos da mesma faixa etária, quando foram abordados por um bandido na Rua Tomáz Gonzaga.

— A gente ia atravessar a rua, mas vimos um cara do outro lado e desconfiamos. Daí ele atravessou, veio na nossa frente, mostrou o que parecia ser o cabo de uma arma e pediu os celulares. Na dúvida, todo mundo entregou — conta Matheus.

Preocupada, a professora Stela Maris Severgnini de Queiroz, mãe de Gregório, aconselhou-o a escolher novos caminhos para voltar para casa. O problema, segundo Stela, repete-se semanalmente.

— Seguidamente ficamos sabendo que algum vizinho ou colega dele foi assaltado. Eu até registrei a ocorrência, mas não acredito que haja retorno — lamenta a mãe.

Alunos de outras duas escolas da região, Província de São Pedro e Monteiro Lobato, também têm sido vítimas de ladrões. Somente no último bimestre, pelo menos seis estudantes do colégio Monteiro Lobato, no bairro Boa Vista, foram assaltados. O combate aos criminosos, no entanto, esbarra na falta de registro de ocorrências. Segundo o delegado Cléber Ferreira, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, os boletins são fundamentais para que sejam realizadas operações nas regiões mais visadas pelos criminosos:

— Na maioria das vezes, nesse tipo de caso, a vítima não registra (a ocorrência) e, sem o registro, não há dados para guiarem as forças de segurança pública. Em nenhuma região da Capital, por exemplo, há indícios de que este crime esteja aumentando.

Delegado pede que pais registrem ocorrências

A falta de dados também dificulta o trabalho da Brigada Militar. De acordo com o responsável pelo policiamento da região, tenente-coronel Alberi Rodrigues Barbosa, comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar, a repercussão do tema na mídia e a conversa com escolas e associações de pais e mestres podem alterar a estratégia de segurança na região:

— A partir dos dados é que podemos mapear os locais mais visados. Nos próximos dias, vou entrar em contato com as direções das escolas e rever o policiamento na região, embora não tenhamos a certeza estatística de que exista um crescimento dos casos.

Brigada tem patrulhas escolares na Capital

A repercussão do aparente crescimento da violência contra os estudantes dos ensinos Fundamental e Médio nas saídas das escolas chama a atenção das forças de segurança. Segundo o comandante do Comando do Policiamento da Capital, coronel Alfeu Freitas Moreira, a corporação tem equipes que atuam no combate a esse tipo de crime.

— Nós temos as patrulhas escolares, dos policiais que fazem parte do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência). Se determinada escolas está com um aumento neste tipo de crime, as direções das escolas precisam nos contatar, pois este tipo de crime às vezes não é registrado — afirma o comandante.

Após o assalto, Moreira recomenda que a escola deve ser informada. Para o coronel, todo problema que acontecer com o estudante a caminho da aula deve ser informado à escola.

Entrevista: Matheus Correa Bay, pai de aluno assaltado

O comerciante de 58 anos desabafou após dois assaltos ao filho Matheus Correa Bay Jr., 14 anos. Leia trechos da entrevista:

Zero Hora – Que providências foram tomadas após o assalto ao seu filho?

Matheus Correa Bay – Essa foi a segunda vez que ele foi assaltado. Mudei minha rotina após os roubos. Sempre que posso vou até o colégio e o levo para casa. No dia em que ele foi assaltado, eu não tive como pegá-lo.

ZH – Houve mais alguma mudança?

Bay – Agora, eu digo para ele, quando eu não consigo buscá-lo, que ele venha por ruas diferentes, nunca pelo mesmo lugar. Evitando utilizar o mesmo caminho e acompanhado de amigos. E, se alguém tentar assaltá-lo de novo, digo para ele entregar tudo, que peça somente os livros, ande com R$ 10, R$ 15 nos bolsos, para não ter risco. E assim vamos nos defendendo.

ZH – O senhor registrou a ocorrência policial?

Bay – Não adianta dar parte. Não acredito que isso possa ajudar.


ZERO HORA
Ricardo Duarte / Agencia RBS

Crianças e adolescentes tornaram-se alvo nos bairros Boa Vista e Três Figueiras
Foto:  Ricardo Duarte  /  Agencia RBS


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