Editorial | 22/11/2012 21h10min
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ABAIXO DA MÉDIA
O Ensino Médio brasileiro continua abaixo da média. Relatório do Ministério da Educação publicado na última segunda-feira pelo Diário Oficial da União revela que tanto o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) quanto a frequência escolar nesse ciclo ficaram abaixo das metas estabelecidas para 2012.
Segundo os dados oficiais, a nota média estabelecida pelo governo para este ano era de 3,8 pontos no índice que combina desempenho nos exames nacionais com taxa de aprovação. Mas a nota obtida no Ideb foi de 3,7 pontos. No quesito frequência escolar, o MEC esperava que 86% dos jovens entre 15 e 17 anos estivessem na escola, mas o levantamento mostrou que apenas 83,7% frequentavam as aulas no período analisado, entre 1º de novembro de 2011 e 31 de outubro de 2012.
Ainda que as diferenças entre as metas previstas e as obtidas pareçam insignificantes, elas refletem a enorme dificuldade das escolas e das autoridades educacionais para tornar esse ciclo de estudo mais atraente e produtivo para os adolescentes. Os números mostram uma realidade desanimadora: de cada cem estudantes que ingressaram nesse estágio do ensino em 2008, 35 pararam pelo caminho, por repetência ou desistência. E aqueles que concluíram aprenderam bem menos do que o esperado.
Por que isso ocorre? Especialistas admitem que, além de chato, desinteressante e superficial, o currículo padronizado do Ensino Médio desatende a previsão legal de preparar os jovens tanto para o ingresso no mercado de trabalho quanto para a universidade. O conteúdo se restringe a referências puramente teóricas, como o Enem e os vestibulares, quando a maioria dos estudantes já cultiva interesse por áreas específicas do conhecimento que lhes abram as portas do mercado de trabalho.
É urgente, portanto, a atualização do currículo do Ensino Médio e sua adequação à realidade do país. O MEC está avaliando propostas de mudanças curriculares, com ênfase na sugestão defendida pelo ministro Aloizio Mercadante de agrupar as atuais 13 disciplinas obrigatórias em quatro áreas de conhecimento: linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza.
Apesar das controvérsias, é uma tentativa válida. Porém, mais urgente ainda é investir na formação adequada de professores, na infraestrutura das escolas e no combate efetivo à evasão. Certamente, os professores precisam saber exatamente o que devem ensinar — e daí a importância de modernizar o currículo —, mas precisam saber também como ensinar estudantes que já não se conformam com aulas tradicionais, que têm pouco apreço à disciplina e que desertam da escola com muita facilidade.
A precariedade do Ensino Médio é generalizada, mas a péssima colocação das escolas públicas no ranking do Enem, divulgado nesta última quinta-feira, indica claramente o que deve ser priorizado por governantes, autoridades e demais integrantes da comunidade escolar.
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