Denise Waskow  |  denise.waskow@diariogaucho.com.br

Dentro da proposta de construir uma sociedade com respeito às diferenças é que a Lei 10.639, de 2003, inclui o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, no calendário escolar. A legislação é recente e também tornou obrigatório o ensino sobre história e cultura afrobrasileira. O desafio é tornar o assunto ainda mais presente no cotidiano de estudantes, pais e professores. Muitas iniciativas já mostram que isso é possível.

Neste 20 de novembro - data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do mais famoso quilombo do Brasil - conheça alguns projetos em escolas públicas que ajudam a formar cidadãos com uma visão de mundo que busca a igualdade e o respeito.

Trabalho que rende prêmio

É com criatividade, interesse, respeito e paixão que a professora Guadalupe da Silva Vieira, 49 anos, transformou a legislação em um prato cheio para trabalhar com os alunos.

Desde 2005, a cultura afro está presente nas suas aulas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Edila da Silva Schmidt, em São Leopoldo. O questionamento de uma colega sobre o espaço dado ao assunto no ambiente escolar e um curso chamado A Cor da Cultura foram a base para o início do trabalho.

- Eu descobri um mundo totalmente diferente, que eu posso explorar na sala de aula. As possibilidade são riquíssimas - afirma, encantada.

Os alunos são os autores

A iniciativa deu tão certo que, em dezembro, o projeto Contos Africanos, desenvolvido em 2011 por Guadalupe com os alunos do terceiro ano vai receber o 6º Prêmio Educar Para a Igualdade Racial. De 500 inscritos, ela é a única gaúcha entre os oito agraciados.

A partir da literatura, os estudantes, de nove e dez anos, produziram desenhos, histórias e atividades dentro do tema cultura negra. - Os alunos produziram, foram os autores desse processo todo. Isso é a valorização do trabalho conjunto - orgulha-se.

A abordagem da questão racial se reflete em uma transformação no comportamento dos estudantes - que vai desde a forma de falar com o colega até a inclusão no grupo.

- Não quer dizer que não tenha mais preconceito, mas houve uma mudança de atitude na escola. A aceitação do outro já é um grande resultado - conclui.

Encontro precioso

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Chico Mendes, no Bairro Mario Quintana, transformou novembro no Mês da Consciência Negra. Filmes, exposições, palestras, merenda com alimentos típicos e até um desfile de penteados afros fazem parte da programação que envolve os 1,3 mil alunos da instituição.

As atividades envolvem alunos de todas as séries. Ontem, os alunos de primeiro e segundo confeccionaram as abayomis, bonequinhas de pano típicas africanas cujo nome significa "encontro precioso".

Criatividade e descobertas

Quem orientou a atividade foi a professora de Educação Física Zuleika Andradas Albuquerque, 52 anos:

- É uma forma de valorização da cultura negra, e de nos respeitarmos como seres humanos.

Enquanto ela cortava os retalhos de tecido para ensinar a fazer as bonecas, os alunos já faziam perguntas e colocavam a mão na massa, exercitando a criatividade e descobrindo um novo mundo.

Uma festa africana

Quase dois meses de trabalho culminaram com a I Quizomba (festa africana) no Colégio Estadual Japão. A exposição, organizada principalmente pelos alunos do primeiro ano do ensino médio politécnico - com o apoio de outras séries -, mostra a diversidade da cultura africana e sua influência no nosso país.

Língua, culinária, música e religião são alguns tópicos dos trabalhos dos estudantes. O aluno Madyer Fraga, 15 anos, conta o que mais lhe chamou atenção:

- Vimos que a África é muito linda, como outros países. Tem um lado riquíssimo da cultura que está aí até hoje.

A exposição é aberta à visitação hoje, das 10h15min às 11h45min e das 16h15min às 17h45min, no ginásio do Colégio Estadual Japão (Rua Enrico Caruso, 444, Jardim Itu Sabará).

Marcha

A programação da Semana da Consciência Negra da Capital se encerra hoje.

Às 16h, no Largo Glênio Peres, tem início a concentração para a Marcha Estadual Zumbi dos Palmares. A caminhada vai até o Largo Zumbi dos Palmares.

Às 19h, será extinto o Fogo da Chama da Liberdade. E ocorrem os seguintes shows:

20h - Serrinha

20h30min - Partido de 1º

21h - RS Samba

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