O dia 17 de novembro de 2005 foi atípico para os estudantes da escola Nossa Senhora do Belo Ramo, em Minas Gerais. Cerca de 15 minutos antes do término de mais uma aula de matemática, os 23 alunos da 6ª série da escola mineira pararam em frente às lentes de Julian Germain. O resultado desse trabalho está estampado na capa do livro Classroom Portraits (Prestel Publishing, 208 páginas).

Incomum para os alunos brasileiros, cenas similares à retratada foram vividas centenas de vezes pelo fotógrafo britânico. Ao longo de nove anos, Germain passou por mais de 20 países e 450 escolas, a maioria das vezes no intervalo de outros trabalhos. As páginas de sua mais recente obra reúnem 87 desses momentos, dois deles no Brasil . A diversidade encontrada nas diferentes regiões percorridas pelo fotógrafo surpreendem tanto pelas semelhanças quanto pelas diferenças. O processo para compor as imagens seguia processos similares, independente do país.

— Eu nunca digo a eles como eu quero que eles pareçam. Não é fácil, exige muita concentração minha e deles, mas é fascinante e tenho certeza que eles compreendem a importância desse momento — revela.

Ainda inédita no Brasil, na obra de Germain os alunos fotografados são uma pequena amostra do cotidiano dos cerca de meio bilhão de crianças e jovens que frequentam diariamente as salas de aula ao redor do mundo. Das salas precárias e marcadas pelo barro na Etiópia às classes bem equipadas na Rússia, as evidentes diferenças econômicas nem sempre correspondem a estereótipos. A realidade dos 19 países presentes no livro mostra que, mesmo com estruturas precárias, o gosto pela educação pode se manter.

— Nos países mais pobres você encontra uma ambição sincera de aprender. Eu perguntei a um menino iemenita de dez ou 11 anos se ele gostava de ir à escola. Ele me olhou como se eu fosse louco e disse: ‘é claro’ — comenta.