Letras e desenhos coloridos e ligeiramente imperfeitos sobre um fundo negro compõe a capa do novo livro de Gustavo Ioschpe, disponível nas bancas e livrarias a partir de quarta-feira, 14. Quem avaliar O que o Brasil quer ser quando crescer? (Paralela, 256 páginas) pela capa, porém, corre o risco de se equivocar logo de cara. Longe de defender ideias anacrônicas, o apresentador da série Pais Nota 10, do Fantástico, aposta em um ensino que deixe de lado conceitos ultrapassados e abstratos — tanto na sua estrutura quanto em seus preceitos pedagógicos.

Os posicionamentos de Ioschpe, entretanto, são complexos, e as alternativas apresentadas, múltiplas. Os que passarem da capa irão se deparar com artigos que fogem de ideias mágicas, como a de que tecnologia deva ser a panaceia de uma educação agonizante. Para o autor, o quadro negro representado na capa do livro não deve ser substituído integralmente pelas parafernálias tecnológicas, que sozinhas já demonstraram ser incapazes de sanar os problemas do ensino do país.

Pesquisador da economia da educação, é baseado em dados que Ioschpe defende suas ideias. A partir de estudos nacionais e internacionais, os 34 artigos — publicados na revista Veja entre 2006 e 2012 — desmistificam lugares comuns e apontam alternativas para a educação brasileira. Mais do que altos recursos e salários, é preciso que o dinheiro em educação seja bem empregado. Não é à toa que, mesmo investindo uma fatia do Produto Interno Bruto (PIB) equivalente à dos países desenvolvidos, a realidade do ensino brasileiro seja diversa das nações mais bem colocadas nos rankings de educação.

Se o Brasil ainda não tem respostas claras para o futuro de seus estudantes, a obra de Ioschpe é um bom começo para começar a pensá-las.