Assombrado por uma previsão de déficit que varia entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão em 2012, o governo Tarso Genro começa a enfrentar dificuldades para garantir os repasses de recursos mais básicos da máquina pública, prejudicando áreas prioritárias, como a educação.

A parcela de autonomia financeira, que deveria ter sido depositada na conta de 2.572 escolas estaduais até 31 de outubro, está atrasada. Essa verba é utilizada pelos diretores para o custeio das necessidades de rotina, como água, luz e as compras de equipamentos e materiais. Se a situação da educação já é naturalmente delicada, irá piorar ainda mais com o atraso no repasse dos recursos que bancam as despesas mais primárias. O montante relativo ao mês de novembro devido às instituições, segundo a Secretaria da Educação, é de R$ 5,8 milhões. No mês anterior, o repasse também atrasou, mas acabou sendo pago.

Para o governo estadual, com orçamento de R$ 35 bilhões em 2012, a cifra de R$ 5,8 milhões é trocado. Atrasar esse tipo de pagamento escancara ainda mais a grave situação financeira do Estado, que, em decorrência da crise econômica, entre outros fatores, enfrenta sucessivas quedas do PIB. Com a folha de pagamento dos servidores cada vez mais inchada por reajustes salariais, a tendência é de que o caos nos cofres do Estado se agrave em 2013.

A secretária adjunta da Educação, Maria Eulalia Nascimento, minimiza o episódio. Ela assegura que a Secretaria da Fazenda fará o repasse da parcela de autonomia financeira até segunda-feira.

— O atraso de alguns dias é uma questão de fluxo de caixa. Não há crise. Depois que entra o dinheiro arrecadado, a Fazenda libera. Preocupante seria se tivéssemos professores sem receber. Isso, sim, seria crise — diz Eulalia.

Na verdade, se chegar ao ponto de atrasar os salários dos professores, o Piratini terá tocado o fundo do poço com os dois pés.