Educação Básica | 08/11/2012 21h31min
Lançado nesta quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff, o projeto para reduzir o percentual de crianças de até oito anos não alfabetizadas no país — que é de 15,2% — terá de receber incentivos federais para se efetivar no Rio Grande do Sul.
Carente de recursos, o Estado pediu ajuda à União para dar conta dos cerca de R$ 10 milhões necessários à participação de professores em dois anos de cursos de formação no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
Os valores são referentes a diárias e transporte para o deslocamento dos professores estaduais aos polos de formação, que são universidades federais parceiras, como a UFPel (Pelotas) e UFSM (Santa Maria). Os cursos começarão em fevereiro de 2013. De acordo com o secretário estadual da Educação, Jose Clovis Azevedo, a realidade do Rio Grande do Sul é distinta porque mantém uma grande rede de escolas de Ensino Fundamental, que, em outros Estados, é responsabilidade dos municípios.
— Esse plano do governo federal vai nos criar uma despesa extra. Por isso, fomos ao MEC (Ministério da Educação) reivindicar que tenhamos recursos. Tivemos a promessa do governo federal de apoio financeiro, apesar de não se comprometer com números — disse o secretário.
Azevedo defendeu que o Ensino Fundamental estadual está bem. No país, o Estado é o terceiro com menor índice de crianças de oito anos não alfabetizadas, com 6,7%. Para se ter uma ideia, há 10,6 mil crianças de oito ou nove anos analfabetas no Rio Grande do Sul, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O principal eixo do pacto é a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores. O objetivo do MEC é alfabetizar plenamente 8 milhões de alunos, com investimento inicial de R$ 2,7 bilhões.
— Não seremos um país que gera conhecimento, que respeita os seus cidadãos, sem alfabetização na idade certa. Essa é uma maneira de dizer, usando o nosso hino, que amamos os filhos deste solo — afirmou a presidente Dilma.
Prêmio e materiais didáticos
incentivarão municípios
O pacto prevê para 2014 um prêmio de R$ 500 milhões para professores e escolas que desenvolverem as melhores experiências. Segundo a coordenadora de Educação da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Márcia Helena Pilon Mainardi, o prêmio e os materiais didáticos são um incentivo importante, mas ela salienta que as prefeituras já desenvolvem programas dignos de destaque.
— Se os municípios gaúchos mandassem hoje os seus projetos para concorrer, seriam premiados — disse.
Um exemplo de projeto bem-sucedido foi desenvolvido na Escola América, localizada no bairro Agronomia, em Porto Alegre, pelo qual a professora Michelle Brugnera Cruz Cechin, 30 anos, recebeu da prefeitura o Prêmio Professor Excelência. No projeto, os alunos de Michelle, do segundo ano, estudam em tempo integral. Pela manhã, a aula é tradicional. À tarde, há oficinas nas quais as crianças leem, escrevem e fazem atividades com bonecos que representam índios, negros ou portadores de síndrome de Down. Além de fortalecer a tolerância diante das diferenças, o método agilizou a alfabetização.
— Os alunos têm de sete para oito anos e já leem fluentemente e produzem textos. Normalmente, isso ocorre somente no terceiro ano. Além da alfabetização, o interesse pelas aulas aumentou: nenhum aluno abandonou a escola, mesmo sendo crianças em vulnerabilidade social — explicou Michelle.
Ranking dos Estados com menor índice
de não alfabetização de crianças com oito anos
1º Paraná 4,9%
2º Santa Catarina 5,1%
3º Rio Grande do Sul 6,7%
4º Minas Gerais 6,7%
5º Distrito Federal 6,8%
6º São Paulo 7,6%
7º Mato Grosso do Sul 8,8%
8º Goiás 9%
9º Rio de Janeiro 9,3%
10º Espírito Santo 10%
Brasil: 15,2%
Os maiores índices de não alfabetização
1º Alagoas 35%
2º Maranhão 34%
3º Pará 32,2%
4º Piauí 28,7%
5º Amazonas 28,3%
O que prevê o pacto
— Participação de todos os Estados, do Distrito Federal e de 5.271 municípios do país
— Formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores por 18 mil docentes de 36 universidades públicas brasileiras
— Dois anos de curso, o primeiro com ênfase na linguagem e o segundo, em matemática
— Alfabetização plena de 8 milhões de alunos de até oito anos, em 108 mil escolas da rede pública
— Fornecimento de 60 milhões de livros para os alunos do primeiro ao terceiro ano do Ensino Fundamental
— Prêmio de R$ 500 milhões para professores e escolas que mostrarem mais avanços no processo de alfabetização em 2014
— Investimento inicial de R$ 2,7 bilhões
Emocionada, Dilma encerrou a solenidade do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
Foto:
Roberto Stuckert Filho
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Presidência da República/Divulgação
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