A Educação Precisa de Respostas | 01/11/2012 20h26min
Placas, chassis, sensores infravemelhos, resistores e leds são apenas alguns dos elementos que compõem os robôs que chamaram a atenção dos estudantes que passaram pelo Instituto Federal, no bairro Restinga. A primeira edição da Competição Brasileira de Robótica Educacional (Cobre) reuniu nesta quinta-feira professores e alunos que vão muito além das tradicionais aulas com giz e um quadro negro.
Durante a disputa, estudantes dos cinco grupos que fizeram parte da competição colocaram seu conhecimento à prova. A disputa saiu do tradicional ambiente escolar e foi para o ringue. No lugar dos estudantes e dos professores, robôs dos grupos gaúchos, goiano e baiano mediram força.
Uma série de 23 lutas de sumô entre as máquinas decretou vitória aos estudantes do grupo Farrapos, que conta com participantes dos institutos de Charqueadas e Sapucaia. Ainda que não tenha vencido a luta final, a equipe ficou em primeiro lugar por atender aos diversos critérios da competição: além de vencer o maior número de lutas, teve o projeto bem avaliado por um corpo de jurados e teve alta pontuação no fair play. Em uma competição educativa, o jogo limpo não pode ficar de lado.
— Mais do que competir, o importante é que esse foi o primeiro passo para nosso objetivo maior, que é desenvolver um kit de robótica nacional — afirma André Camargo, gerente do grupo que voltou para casa com o principal prêmio da competição.
O objetivo destacado pelo professor é um dos atrativos do projeto Robótica Como Instrumento de Capacitação dos Institutos Federais em Ciência, Educação, Tecnologia e Inovação (Roboceti). Financiada pelo Ministério da Educação, a iniciativa busca jogar na lona um dos maiores antagonistas da popularização da robótica na educação: o preço.
Como a maioria dos componentes vem de fora do país, o custo de iniciar e manter projetos na área é alto. A média de cada kit varia de R$ 500 até mais de R$ 2 mil. Com a alternativa nacional, estima-se que o preço não ultrapasse os R$ 200. A solução também deve amenizar a lentidão das licitações às quais as instituições públicas estão sujeitas.
Outro elemento destacado pelos professores envolvidos no projeto e na mostra é pedagógico. É comum que os alunos envolvidos nas atividades da robótica tenham um melhor desempenho, tanto nas notas como na disciplina.
— Participo há sete meses e estou gostando bastante. Meu rendimento está melhorando, porque trabalhar de maneira prática é muito mais estimulante. Os professores nos fazem pensar, e não vêm com respostas prontas — afima o estudante Jefferson Miranda.
Além de desenvolver o conhecimento em ciência da computação e robótica, o trabalho dos grupos vai além. Diferentes disciplinas, inclusive a matemática, física e química (ver quadro), são contempladas ao longo da pesquisa. Mesmo sendo um projeto paralelo às atividades curriculares dos diferentes cursos que integram o projeto, há reflexos no rendimento em sala de aula.
— Normalmente se nota uma melhora, um amadurecimento, mas isso não é certo. É preciso que eles se esforcem — finaliza Roben Lunardi, coordenador da mostra.
Assim como no tatame, palco da disputa entre robôs, a batalha para tornar o estudo mais atraente para os jovens é um esforço árduo. Para os professores que integram o Roboceti, essa primeira vitória é apenas mais um desafio.
Conheça algumas aplicações da robótica em diferentes disciplinas
Matemática
Regra de três: tendo um bip que apite a cada segundo numa distância de três metros, é possível saber qual a frequência quando o objeto estiver a um metro.
Circunferência: função didática. Pode-se pintar uma linha em um ponto da roda de um robô e fazer o equipamento andar. A partir do momento em que a roda pintar o chão pela segunda vez, o aluno irá saber qual o perímetro (extensão total) do objeto.
Funções de segundo grau: utilizadas para determinar ações do robô. Uma função de segundo grau (uma parábola), pode ser aplicada em sensores de gás. Ao definir dois pontos, ele pode disparar um alerta, como um aviso sonoro. No caso da competição, as máquinas usam determinados pontos para desviar de outros adversários.
Matrizes: pode ser utilizada para o robô mapear um local, assim como em displays, quando as matrizes determinam a localização e as cores dos pixels (pontos indivisíveis)
Física
Aceleração: pode-se detectar a diferença de velocidade de robôs para que os aparelhos tomem determinadas atitudes quando enconstam em outra máquina. O valor pode variar de acordo com a intensidade dos choques.
Velocidade: o uso de detectores de ondas infravermelhas pode ser utilizado para se calcular a velocidade da luz, através da comparação do tempo que a luz emitida pelo robô leva para voltar até o objeto, a partir de uma distância determinada.
Química
Estudo de gases: robôs podem ser dotados de medidores de CO (monóxido de carbono), para medir a presença do elemento em áreas para fumantes, ou no centro de uma cidade.
DIOGO FIGUEIREDO - ESPECIAL
I Competição Brasileira de Robótica Educacional faz parte da II Mostra Científica da IFRS — Campus Restinga
Foto:
Marcelo Oliveira
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