Uma das maiores escolas estaduais de Erechim, o Colégio Professor Mantovani aguarda há sete anos por solução para um prédio que precisou ser interditado por problemas na construção. Os 300 alunos que ocupavam as seis salas em dois turnos, tiveram que ser remanejados para salas de laboratórios, secretaria e até da biblioteca, deixando a escola inteira sem atividades de apoio escolar.

O prédio de três andares que foi construído para resolver o problema de falta de espaço e melhorar a infraestrutura da escola cinquentenária, acabou se transformando em perigo para alunos, professores e funcionários. Desde que o prédio começou a ser usado, há 11 anos, havia relatos de situações estranhas nas salas.

- O material escolar rolava da classe, o prédio balançava, tremia e da noite para o dia os parquês do chão amanheciam soltos_ conta a diretora Elizabeti Urio.

Uma avaliação foi solicitada em 2005, mas os técnicos do Estado disseram que não havia qualquer problema. Os relatos continuaram e aos poucos ficou evidente que o chão estava cedendo em todas as salas, das extremidades para o meio. Em 2007, as janelas já não abriam, envergadas pelo peso da construção e o teto começou a abaular. Depois de uma dezena de relatórios e cartas enviadas à Coordenadoria de Educação e à Secretaria de Educação do Estado, um engenheiro avaliou o prédio no final de 2009, e no começo de 2010, a Coordenadoria de Educação recomendou a interdição. 

- Era uma tragédia anunciada, os filhos da gente correndo risco, tendo aulas numa sala que podia desabar _ lamenta o presidente do Círculo de Pais e Mestres Orlando Janesko.

Os alunos foram retirados das salas e o prédio foi abandonado, mas como mais um ano se passou sem nenhuma providência, os pais denunciaram o caso para o Ministério Público de Erechim, em dezembro de 2010.

- Instauramos um inquérito e obrigamos o Estado a tomar as medidas de urgência, escorando as paredes e o teto das salas _ conta o promotor de justiça João Fábio Munhoz Manzano.

O Ministério Público acompanha o caso e caso não ocorram medidas para sanar as irregularidades, já estuda a possibilidade de ingressar com ação contra o Estado. = Mesmo com as escoras, o perigo continua evidente. O chão continua cedendo e, vergadas, as escoras de madeira acabam caindo. 

Prejuízo para educação

Sem local para abrigar os alunos, a direção transformou laboratórios, biblioteca, secretaria e até o salão de atos, em salas de aula.

- Nossa prioridade é manter os alunos em segurança, mas 1,2 mil estudantes ficaram sem os espaços de apoio para aprendizagem e isto faz muita falta _ salienta Elizabeti.

Aulas de dança e de música tiveram que ser canceladas. Laboratórios de Informática, Química, Biologia e sala de vídeo foram fechadas. Os livros da biblioteca foram encaixotados e guardados no palco do salão de atos, que também serve de sala para o Ensino Médio.

Apesar da interdição, o prédio interditado vem sendo usado para guardar os livros enviados pelo Ministério de Educação e Cultura, que são compartilhados entre os alunos do Ensino Médio, já que não há livros suficientes para todos. 

Contraponto

Em nota oficial, a 15ª Coordenadoria Regional de Educação informou que só foi comunicada da situação pelo Governo do Estado em 2011, e que um projeto para recuperação do prédio está sendo elaborado pela Secretaria de Obras Públicas do Rio Grande do Sul.