Educação Básica | 26/10/2012 17h37min
A matemática é considerada uma das matérias com os piores índices de aprendizagem no Brasil, tanto no Ensino Fundamental como no Médio. Cerca de 89% dos estudantes chegam às séries finais do colégio sem dominar o necessário da disciplina. Segundo especialistas, os obstáculos vão desde o desinteresse dos próprios professores até a falta de relação da matéria com o dia a dia de quem aprende.
A opinião de que a matéria é difícil e chata é quase consenso entre os estudantes. É o caso de Marcela Nishiyama, que está no 3º ano de uma escola em Ibiúna, no interior de São Paulo.
– Eu não me dou bem com a matéria porque tenho dificuldade de entender, principalmente na hora de aplicar. Eu posso até entender o que o professor fala, mas se eu vou fazer sozinha, já tenho certa dificuldade
A educadora Iole de Freitas Druck, doutora em matemática e docente da Universidade de São Paulo (USP), pensa que um dos problemas está relacionado à falta de afinidade com os números vinda da parte dos professores. Segundo ela, muitos dos educadores das séries iniciais não têm gosto pela disciplina, por isso procuraram a pedagogia ou o magistério, mas, depois de formados, se deparam com a obrigação do ensino de todas as áreas. E essa dificuldade é repassada aos alunos.
– A matéria passa a ser uma “chatura”que tem que decorar, e isso começa no Fundamental. Quando chega no Ensino Médio, vira um caos. O Ensino Médio está em crise, ele deveria ser voltado para formar os cidadãos, que possam ler jornal, que possam usar as ferramentas da matemática no seu cotidiano, para tratar de questões salariais, ver se as contas estão certas na hora de ser despedido ou admitido. Mas eles não dominam essas ferramentas porque elas são completamente sem nexo – observa Iole.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas em Ensino (Inep) indicam que o aproveitamento na matéria cai ao longo da vida escolar. Enquanto os estudantes de 4ª a 5ª série do Ensino Fundamental conseguem 32,6% de aproveitamento, no 8º e 9º, ano o índice cai para 14,8, e no 3º do Ensino Médio, para 11%.
– As dificuldades com a matemática começam no início do Ensino Fundamental. Um estudo, que foi aplicado em 2011, mostrou que só 42% das crianças aos 8 anos dominavam as atividades adequadas para aquela fase da etapa escolar. Então isso acaba comprometendo todo o desempenho escolar dali para frete. Porque o aprendizado depende muito da consolidação de aprendizados anteriores – explica a gerente de projetos do movimento Todos pela Educação, Andrea Bergamaschi.
Para a professora de matemática Vanessa Paccioti, uma das soluções para gerar mais interesse aos alunos é trazer o cotidiano para o ensino:
– Acredito em trazer o dia a dia para dentro da sala de aula. A matemática junto com a disciplina de informática, por exemplo. Utilizar o computador é interessante, porque é uma coisa do dia a dia deles, que eles gostam bastante. Aí pode-se trabalhar a matemática com gráficos e tabelas de Excel. Compras, mercados, tudo que eles fazem diariamente.
Os estudantes apontam que quando o professor utiliza descontração ou torna a aula mais dinâmica, os resultados são mais positivos.
O estudante Rafael Albertin, que está finalizando a vida escolar, já conseguiu criar outra visão da matéria. Filho de produtores de hortaliças, ele afirma que convive diariamente com cálculos e negociações na propriedade em que vive.
– Acho que a matemática é uma das matérias importantes hoje em dia. Você utiliza em quase todos os cursos, tem grande peso no vestibular, na área de exatas. Acho que sem matemática não dá para seguir – conclui.
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Alunos afirmam que quando a aula é mais dinâmica, os resultados são mais positivos
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Edu cavalcanti
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