Educação Básica | 23/10/2012 08h36min
Nas mesas e nos laboratórios do Centro Marista de Inclusão Digital (Cmid), na Nova Santa Marta, há fios de cobre, teclados, disquetes e componentes de informática. Um emaranhado de lixo eletrônico que nos leva a perguntar: como é possível produzir tecnologia a partir disso?
O poder da transformação está nas mãos de alunos e professores que se dedicam na execução de oficinas de artesanato, produção de computadores e robótica, o que tem levado o Cmid a participar de várias mostras e até competições pelo país, sempre com a exibição de materiais produzidos por alunos dos ensinos Fundamental e Médio da escola.
Pioneiro no estudo da robótica livre no Rio Grande do Sul – na qual os materiais usados são produzidos a partir de softwares livres e lixo eletrônico –, o centro de inclusão digital tem se destacado. Nos últimos meses, projetos de robótica do Cmid já participaram do Campus Party, da Feira Internacional de Software Livre, do Rio+20 e do Latinoware, e estarão sendo exibidos na Feisma, de 3 a 11 de novembro.
Agora, o grupo parte para desafios de competição em robótica avançada. Nesta semana, robôs competem no Mostratec, em Novo Hamburgo, e, em novembro, a competição será no 5º Desafio de Robôs, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), em Porto Alegre.
Um telecentro também funciona no local. Os computadores são de livre acesso à população carente. A estudante Helen Greselli, 12 anos, conta que, por ali, ela conversa com alguns amigos de São Borja e faz trabalhos para o colégio.
– Já usei os computadores para fazer um trabalho sobre biodiversidade, e aí eu vim aqui pesquisar e fazer slides – diz Helen, que quer participar das oficinas de robótica.
É no curso de robótica livre onde está há dois anos o aluno do 7º ano do Ensino Fundamental Leonardo Jardim da Costa, 14 anos. Além do curso de robótica avançada, no qual produz um dos carros que deve competir na Mostratec e no Desafio de Robôs, ele realiza de forma gratuita um curso de informática avançada no local.
Uma reforma recente criou um novo espaço para o centro de inclusão, onde funcionam cursos de informática, robótica, meta-arte (reutilização do lixo eletrônico para obras de arte) e metarreciclagem. Um pavilhão foi construído e tem inauguração marcada para o dia 11 de novembro. São três novas salas de aula e outra para a coordenação, além de um espaço onde deve ser recebido e depositado o material para a triagem.
Material doado passa por processo de triagem
Quando os materiais são recebidos, eles são desmontados e as peças vão para uma triagem. Cada componente em funcionamento é testado e reaproveitado na confecção de um novo computador ou para as oficinas de robótica. O que não funciona, tem o destino do artesanato.
O centro tem uma parceria com o Ministério Público Estadual: todos os computadores de máquinas caça-níquel apreendidos são encaminhados para lá, onde são remodelados e reaproveitados. Com as peças destes computadores, o coordenador do Cmid, Algir Facco da Silva, estima que sejam produzidos cerca de cem computadores em condições de uso por ano.
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