Professor | 17/10/2012 05h14min
No ano passado, o Brasil aumentou em 5,7% as matrículas no Ensino Superior em relação a 2010, superou a marca inédita de 1 milhão de formandos e ampliou o acesso à universidade. Em uma década, de 2001 a 2011, as matrículas cresceram 122% nas universidades, chegando a 6.739.689 no ano passado.
Mas o país confirmou um outro cenário preocupante. Os cursos de licenciatura, aqueles destinados à formação de professores para as próximas gerações, não acompanharam a tendência de expansão e ficaram estagnados. O número de possíveis futuros mestres variou apenas 0,1% em relação a 2010.
As tendências são reveladas pelo Censo da Educação Superior, levantamento anual que reúne informações sobre matrículas, estabelecimentos e docentes dessa faixa de ensino. Os primeiros dados referentes ao ano passado foram divulgados pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e confirmaram o cenário abordado em reportagem de ZH no domingo passado de que apenas 2% dos estudantes do Ensino Médio pensam em seguir a carreira de educador no Brasil.
Os dados do censo demonstram que a expansão universitária nacional, que ganhou impulso nos anos 90 e decolou ao longo da década seguinte com uma verdadeira explosão na oferta de vagas e de cursos superiores, não vem contando com o impulso das licenciaturas. O crescimento se concentrou nos cursos de perfil tecnológico, que registraram aumento de 11,4% na demanda, e de bacharelado, que cresceram 6,4%. As licenciaturas patinaram.
Os baixos salários e o desgaste da atividade docente contribuem para afugentar um maior número de alunos. Na avaliação da pesquisadora e colaboradora da Fundação Carlos Chagas Bernardete Gatti, o próprio perfil dos cursos de formação de professores não ajuda a atrair mais candidatos.
– A formação dos professores, nas licenciaturas, é malfeita. É muito teórica. A parte didática, de prática do ensino, é muito frágil. Se fosse muito bem feita, uma melhor formação facilitaria até melhorias salariais – avalia a especialista.
Aumenta proporção de jovens negros
O relatório, que apresentou apenas dados nacionais, registra ainda alguns outros fenômenos. A proporção de jovens negros entre 18 e 24 anos no Ensino Superior cresceu de 1,8% para 8,8% desde 1997, mas ainda fica muito abaixo da média geral da população. Os números foram divulgados pelo governo um dia após a publicação de portaria que trata da Lei das Cotas nas universidades, que entra em vigor para o próximo vestibular.
– Isso foi muito importante, mas eles continuam muito abaixo do peso que têm na população. Muitas universidades públicas já tinham cotas. A nossa meta, agora, é que a participação de negros no nível superior seja a mesma do Censo do IBGE – afirmou Mercadante durante a apresentação das informações, em Brasília.
Rede pública do país foi líder no crescimento
Embora tenha um menor número de alunos, a rede pública apresentou o maior percentual de crescimento de matrículas nas universidades. Entre 2010 e 2011, a quantidade de alunos em estabelecimentos gratuitos cresceu 7,9% no país, em comparação com um índice de 4,8% em instituições privadas.
O Ministério da Educação atribuiu esse desempenho a uma maior oferta de vagas e opções de curso por parte do governo federal. Apesar disso, as instituições particulares ainda lideram com folga no ranking de estudantes matriculados, com 73,7% dos alunos no Ensino Superior. As entidades federais vêm em segundo lugar, com 15,3%, seguidas por estaduais (9,1%), e municipais (1,7%).
Outro dado que chama a atenção é o avanço dos cursos de educação à distância – que já representam praticamente 15 em cada cem matrículas no país. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o governo agora procura frear a aceleração desse tipo de ensino.
– O Brasil pode e deve aumentar o ensino à distância. Mas nós estamos regulando esse setor com mais exigência – explicou o ministro durante a apresentação dos números.
ZERO HORA
Equiparar o percentual de estudantes negros ao índice do IBGE é um dos objetivos do MEC
Foto:
Ricardo Wolffenbuttel
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