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Educação Básica  | 16/10/2012 21h57min

Sacola Literária: em Rodeio, projeto leva leitura para casa dos alunos

Projeto de escola primária monta kit com livros, colchas, almofadas para despertar o gosto pela leitura

Basta as colchas coloridas serem esticadas no chão para que crianças de até cinco anos acomodem-se em círculo. Sobre a coberta, vão explorar sacolas de pano. A cada vez que se abrem, as nove bolsas da Escola Pré Primária Governador Heriberto Hülse, de Rodeio, no Médio Vale do Itajaí, revelam o motivo de serem únicas.

Itinerantes, elas são recheadas de apetrechos para fazer a imaginação voar, seja na escola ou na casa de cada um dos 136 alunos da escola. Livros, colcha, fantoches, massa de modelar, almofada e caderno para registrar o que cada família fez.

Com sotaque carregado nos erres, quem abre a sessão de leitura na escola é Matteo Antonio Fronza. Começa com a história que decorou de tanto ouvir: 'A hora de dormir'. Assim que termina a primeira frase, mostra o livro para os amiguinhos em volta, imitando o método das professoras.

Diretora da escola infantil no Centro de Rodeio, Adriana Aparecida Tessarolo Gadotti explica que o objetivo do projeto, que começou em 2011, é despertar nos alunos o interesse pelos livros e alertar as famílias da importância que uma história contada tem.
_ Queríamos algo diferente, que envolvesse os pais e fizesse com que as crianças se encantassem _ argumenta.

O engenheiro Jaques Dalponte, 39 anos, conta que o filho Bernardo aguarda ansioso por cada sorteio da sacola. Quando é escolhido, pode ficar de três a quatro dias com o material em casa.

_ Acho o cobertor a parte mais legal, porque vai todo mundo contar a história. O meu pai faz coisas engraçadas e a minha mãe também.

Em Rodeio 32, literatura combina com chá

Na Escola Municipal Rodeio 32, a literatura é experimentada por meio do Chá Literário. A diretora da escola que atende 104 crianças do 1º ao 5º ano, Eunice Maria Ferrari Pacher, conta que o evento começou tímido, em 2006, a partir da necessidade de mostrar ao aluno que a leitura é apenas ponto de partida para inúmeras possibilidades de interpretar o mundo:

_ Na nossa escola, a questão da leitura sempre teve um olhar especial. E com as atividades do Chá, o aluno percebe que não é só ler por ler e que ele pode criar e recriar interpretações a partir de uma história.

Passados sete anos, o evento movimenta quem mora no Bairro Rodeio 32. Na edição de 2012 do Chá Literário, que ocorreu nos dias 27 e 28 de setembro, além da bebida quentinha e guloseimas, teve apresentação de teatro, recital de poesia, apresentações de música. Tudo com participação efetiva dos pais, que subiram ao palco para fazer parte do espetáculo que teve como tema central o circo.

Formação de leitores tem que começar em casa

Professor do Mestrado em Educação da Furb, Osmar de Souza acredita que o gosto pela leitura é fomentado mais pela família do que pela escolas. Ou seja, pais não leitores dificilmente têm filhos leitores. Souza ressalta a importância de estabelecer uma relação confortável com a palavra, e não uma relação de cobrança, como a postura adotada por muitas escolas.

A doutora em Literatura Adair de Aguiar Neitzel concorda e acrescenta que adultos que leem geralmente tiveram alguma referência de leitura, que pode ser alguém da família, um professor ou até mesmo um programa de televisão. 

_ Não adianta dizer para a criança ler porque é importante para a formação dela. O exemplo é determinante. 

Além disso, a professora do mestrado e doutorado em Educação pela Univali destaca que o livro é tão importante quanto a roupa ou o brinquedo que os pais compram para os filhos. Sem desmerecer os e-books, a especialista ainda reforça que o contato com o livro de papel é uma forma de fazer com que a leitura se materialize.

Adair defende que a partir do momento do nascimento as crianças  tenham contato com a leitura e afirma não existe idade limite para iniciar o contato com a literatura. Isso porque a leitura é a ferramenta que permite que cada um esteja em processo contínuo de aprendizado.

Para formar leitores, a professora dá a dica: o livro precisa estar disponível, tanto em casa quanto na escola. Afinal, livro não foi feito para morar em biblioteca. Livro serve é para fazer o  olho correr e a imaginação voar.    

JORNAL DE SANTA CATARINA
Artur Moser / Agencia RBS

Para os alunos da Escola Pré Primária Heriberto Hülse, o 'recheio' da Sacola Literária desperta o gosto pelos livros e amplia a criatividade
Foto:  Artur Moser  /  Agencia RBS


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