Professor | 15/10/2012 05h35min
Apesar de a década de 1980 ter sido marcada por longos dias de paralisações, a lembrança mais viva para estas educadoras se resume em horas: as que perderam em longas filas no ano de 1988, quando o Quadro de Pessoal por Escola (QPE) foi implantado pelo governador Pedro Simon.
— Nunca vou me esquecer daquele dia em que tive de enfrentar uma fila de mais de um quilômetro para saber onde lecionaria. Acabei deixando uma turma do pré, com a qual já estava muito bem adaptada e fazendo um trabalho legal — recorda Margaret Corralo, aposentada.
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Entre erros e acertos — de acordo com as professoras, característicos de uma história em que a cada quatro anos tomava posse um novo governo com propostas diferentes e nada contínuas para a educação —, a Lei de Diretrizes e Bases entrou em vigor em 1996 como um importante passo para a evolução do ensino. Essencial para que muitos professores buscassem qualificação no Ensino Superior, título já obtido por muitas após a conclusão do magistério.
Veranice põe a classe abaixo de gargalhadas ao contar dos anos em que deslocava diariamente até Cruz Alta para cursar Educação Física. Para enfrentar os 80 quilômetros, reuniu-se com mais 13 universitários de Tapera na compra de uma Kombi. Nos três anos de formação, não foram poucas as vezes em que não chegaram à faculdade. Em uma delas, os quatro pneus furaram. Noutra, a desgraça foi mais engraçada:
— Em uma dessas aventurosas idas, logo chegando em Cruz Alta, o freio da Kombi falhou justamente quando estávamos em uma descida. Fomos parar dentro de uma loja de colchões — relembra Veranice.
O professor é um mediador, o aluno é o construtor da história
Nestes anos de profissão, muitas das mudanças foram pontuais. A mais marcante delas é, no entanto, também a mais lenta e contínua. A opinião soou unânime entre 13 alunas que seguiram educando: neste novo contexto, em que a informação está a um clique de distância, as relações entre aluno e professor estão em transformação.
Maria de Lourdes Bispo sugere que o aluno tenha passado de espectador a colaborador. Se hoje o professor é considerado um mediador, acredita ser ainda sua a tarefa de motivar o aluno para a aprendizagem e despertar a consciência de que ele é construtor de sua própria história.
É por isso que celebraria com orgulho este dia 15 de outubro. E era também pelo mesmo motivo que naquele sábado, ao voltarem para a sala de aula, emocionavam-se. E não era apenas pelo filme que se montava de boas memórias, mas pela reflexão que o momento sugeria. Reencontrando a turma com a qual se preparavam para um sonho, a certeza de querer ser professor é um contínuo e prazeroso desafio que se torna ainda mais evidente.
— Se não houve a compensação financeira como foi a expectativa na época, os momentos vividos e as relações cultivadas fizeram valer a pena — resume Melita.
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