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A Educação Precisa de Respostas  | 15/10/2012 07h31min

Claiton Augusto Vargas Melo, 31 anos, está determinado a se formar professor, em Caxias do Sul

O acadêmico de Pedagogia quebra com a cultura vista hoje no Brasil, onde a maioria (81%) dos docentes da Educação Básica é mulher e apenas 2% dos estudantes almejam seguir essa carreira

Vania Marta Espeiorin  |  vania.espeiorin@pioneiro.com

Os títulos de torneiro e de técnico mecânico continuarão num lugar distante da memória de Claiton Augusto Vargas Melo, 31 anos. Seu esforço agora tem um só objetivo: a formatura em Pedagogia. O jovem quer se juntar à legião de 2 milhões de profissionais que atuam hoje na Educação Básica brasileira e que, apesar das dificuldades, lutam por um futuro melhor aos alunos. São esses e todos os demais docentes que recebem, hoje, no Dia do Professor, os aplausos da sociedade.

Daqui a dois anos, as mãos Claiton devem estar erguendo o diploma de pedagogo. Também chamado de Preto, ele não vê a hora desse momento chegar. Enquanto faz o curso na Universidade de Caxias do Sul (UCS), já exercita o aprendizado e o talento como educador social no Centro Educativo Coração de Maria, no bairro Reolon, e como coordenador de turmas do Programa Brasil Alfabetizado.

Hoje, Claiton é um trabalhador da educação. Mas não foi tão fácil largar a indústria, onde trabalhava antes. A primeira batalha foi a financeira. Natural de Lagoa Vermelha, sua família veio para Caxias em busca de uma vida melhor quando ele tinha quatro meses.

Residiu um tempo na zona Norte de Caxias e foi alfabetizado na Escola Presidente Tancredo de Almeida Neves, no bairro Belo Horizonte. Rodou na 2ª série. Mais tarde, reprovou novamente, agora na 7ª série da Escola Estadual Dante Marcucci. A Matemática lhe atormentava.

Aos 13 anos, mudou para o bairro Reolon e começou a programar atividades comunitárias. Também cursou supletivo no Ensino Médio e o desejo de ser educador começou a sinalizar. 

- Dois professores do supletivo, o Renato e a Janaína, foram bons exemplos. Deles, recordo métodos que adapto hoje às minhas turmas. O Renato Hoffmann lecionava Matemática e explicava uma conta de diversas maneiras até que todos pudessem compreender. Era dinâmico e diferenciado. Já eu era tímido e sentava ao final da sala. Sempre gostei mais de observar do que ser observado - lembra.

Mesmo predisposto à área das humanas e com um discurso de contestação, Claiton continuou fazendo cursos voltados à indústria, afinal, precisava ajudar no sustento familiar. Certo dia, no entanto, um encarregado lançou a frase triunfal, aquela que o fez acordar de vez:

- Ele me falou que eu não era pago para pensar, mas para trabalhar. Foi aí que decidi estudar.

Ingressou na Pedagogia. Trabalhou no Programa Primeira Infância Melhor (PIM) e na Acpmen. Insistiu em formar uma turma do Brasil Alfabetizado no Canyon. Foi de casa em casa convidar senhores e senhoras não alfabetizados a experimentar a transformação que os saberes geram. No ano de 2010, Claiton dividia seu tempo entre as oficinas na Acpmen e as aulas do Brasil Alfabetizado, e ganhava R$ 900.

Para auxiliar em casa, com a mulher e três filhos, teve de ceder e retornar à metalurgia, ganhando R$ 1,3 mil. Mas logo notou que seu mundo é o da educação e da sala de aula.

- Agora, ganho o que ganhar, quero ser feliz com meus alunos, sejam eles crianças ou adultos. Quando estou na sala de aula, me realizo, me desafio, me renovo - enfatiza.

Hoje, Claiton ganha quase R$ 2 mil trabalhando em dois empregos. Por estar ligado ao campo do ensino, mostra-se realizado.

Leia a matéria completa no Pioneiro desta segunda-feira.

Roni Rigon / Agência RBS

No bairro Reolon, Claiton recebe o afago das crianças do Centro Educativo Coração de Maria
Foto:  Roni Rigon  /  Agência RBS


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