O percentual de alunos do Ensino Médio público caxiense em idade avançada para a série em que se encontram está abaixo da média nacional. Mesmo assim preocupa as autoridades do setor da educação. Números atuais da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) apontam uma taxa de distorção idade-série de 25,6% nessa fase.

No Brasil, conforme dados do Ministério da Educação compilados pelo Movimento Todos Pela Educação, 34,5% dos alunos do Ensino Médio não estão na série correspondente à sua idade.

Em Caxias, só na rede pública estadual, de acordo com o censo escolar de 2011,  existem matriculados nessa etapa 15.182 alunos, abrangendo todas as modalidades (regular, técnico, Educação de Jovens e Adultos e especial).

Ao observar apenas o Ensino Médio regular e o técnico, que seriam a melhor base para conferir a defasagem idade-série nesse período, há 13.773 estudantes. Aplicando-se o percentual de 25,6% sobre esse total, nota-se que 3.525 alunos não se encontram na série ideal. É um montante expressivo e tem feito o Estado se mobilizar no diagnóstico dos motivos e, principalmente, na busca de alternativas para amenizar tal índice.

- São várias as causas dessa distorção, entre elas está a necessidade de sobrevivência. Muitos estudantes priorizam o trabalho. Mais tarde, quando estão um pouco estabilizados, para que possam ser promovidos, precisam certo grau de escolaridade e retornam à sala de aula - constata  a coordenadora adjunta da 4ª CRE, Carla Inês de Camargo Subtil.

Para se evitar a reprovação e o aprofundamento dos atrasos idade-série, a coordenadora da 4ª CRE, Eva Márcia Fernandes, explica que é indicado às escolas e docentes  ficarem atentos às dificuldades dos alunos ainda no primeiro semestre do ano letivo.

- Orientamos os professores e a direção a conversar com a família dos alunos e, num planejamento pedagógico, ajudá-los em suas dúvidas - detalha, reforçando que  a distorção idade-série preocupa não só a 4ª CRE como todo o Estado.

O Ensino Médio Politécnico, com os seminários integrados em períodos ampliados de aula, a partir deste ano, é uma das ações do governo para tornar essa etapa mais convidativa aos estudantes , enfatiza Eva Márcia.

Para evitar que alunos com idade inferior aos 18 anos evadem no Ensino Médio, as escolas estaduais controlam as faltas e, se preciso, remetem os registros ao Conselho Tutelar. Outra ação que a 4ª CRE tem estimulado é a participação dos jovens em cursos profissionalizantes, como os do Pronatec, que posteriormente encaminham ao mercado de trabalho, conforme a idade adequada.

Cursar o Ensino Médio Regular foi uma decisão que o inspetor de qualidade Diéce Jesus Putzel Ozorio, 26 anos, tomou e que encara com maior dedicação. E bota dedicação nisso. O jovem tem uma filha de cinco anos e a mulher, faz curso profissionalizante à tarde, trabalha de noite até as 2h da madrugada e, pela manhã, ainda consegue tempo para estudar. Seu objetivo é claro: ser engenheiro.

Em meio à maratona diária, Diéce teve de se acostumar com os colegas de turma, na Escola Estadual Maria Aracy Trindade Rojas, no bairro Santa Lúcia Cohab, já que são quase 10 anos mais jovens que ele.

- Sabia que teria alguma dificuldade, mas o ser humano, quando quer, é capaz de se adaptar - afirma.

Natural de Alegrete, Diéce atrasou nos estudos porque, no término do Ensino Fundamental, logo precisou trabalhar e ajudar no sustento da família. Depois de residir em Alegrete, passou por Porto Alegre até chegar em Caxias, onde trabalha numa indústria.

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