Educação Básica | 21/09/2012 05h05min
Com um diagnóstico dos problemas enfrentados pela educação no Brasil e receitas práticas para superar as dificuldades, termina nesta sexta-feira o 18º Encontro Nacional das Escolas Associadas do PEA/Unesco. O evento é realizado em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, desde quarta-feira, e discute boas práticas no ensino. Cerca de 250 professores e diretores de vários Estados participam.
O objetivo é agregar diferentes experiências de ensino e levar para as escolas programas que apresentaram bons resultados em outras instituições. É a troca de experiências que vai fortalecer o ensino quando cada professor voltar para a sua cidade. Escola anfitriã do evento, o Colégio Santa Catarina apresenta aos convidados três projetos que estão mudando a maneira de ensinar. Veja os detalhes das iniciativas:
Cooperativa escolar
Como funciona
O projeto reúne 48 alunos da 7ª e 8ª séries. Todos se dispuseram a participar da iniciativa voluntariamente. Comprando uma cota de R$ 7, eles formaram uma cooperativa, que foi formalizada. Os alunos pensaram em um produto, cuja produção fosse viável na escola e pudesse ser vendido. Os estudantes optaram por produzir cartões e marcadores de página com papel reciclado.
Os participantes preparam o papel a partir de comandas de restaurantes e contas velhas. São colocadas sementes em meio ao papel dos cartões que, depois de usado, pode ser enterrado e se transformar em planta.
Os alunos trabalham no negócio. Além de produzir, eles gerenciam a empresa, fazem a contabilidade e o marketing da cooperativa. Como o projeto começou neste ano, os valores recebidos com as vendas dos produtos estão sendo reinvestidos no próprio negócio.
Resultados
Responsável pelo projeto, a professora Suzete Maria Groehs diz que os estudantes estão aprendendo, de uma forma diferenciada, noções de responsabilidade e de trabalho em grupo:
— Eles têm que administrar o negócio. Todas as decisões são tomadas pelo grupo, sem interferência dos professores.
Além do aprendizado com a administração da cooperativa, os alunos estão tendo noções de cuidado e proteção do ambiente.
Para a professora Cristiane Ramos Vieira, o exercício estimula a criatividade, a organização e o senso de responsabilidade:
— O mais importante é o processo de autonomia desse projeto. É um exercício que os alunos levarão para toda a vida.
Como aplicar
Os professores apontam que um dos diferenciais da iniciativa é que os alunos são voluntários. Por isso, deve-se reunir um grupo de estudantes que esteja interessado a ponto de manter a cooperativa.
O ideal é buscar auxílio de cooperativas que possam ensinar o caminho para a formalização do negócio, com estatuto e cotas para os sócios. Em seguida, escolher um produto, com viabilidade de produção na escola e de venda, e começar o negócio.
Amigos da alegria
Como funciona
O projeto acontece nos mesmos moldes do Doutores da Alegria, iniciativa criada em 1991 em São Paulo. Um grupo de alunos do Ensino Médio e do curso técnico em enfermagem visitam pacientes.
Criado em 2003, o Amigos da Alegria tem focado nos últimos anos no atendimento de crianças. Os estudantes visitam os internos do Hospital Regina e Hospital Municipal, ambos de Novo Hamburgo, fazendo brincadeiras e distraindo os pacientes.
Todos são voluntários. Eles visitam os hospitais nas manhãs de sábado e levam suas experiências para a sala de aula.
Resultados
O projeto traz benefícios tanto para as crianças que estão no hospital quanto para o alunos. Os professores afirmam que houve uma mudança de comportamento por parte dos participantes.
— Esses projetos são altamente benéficos porque fazem bem a outras pessoas. Isso cria um ambiente positivo na escola e no hospital — aponta a psicopedagoga Cristiane Griebler.
Como aplicar
Reúna alunos interessados em participar do projeto. Em seguida, é preciso fazer contato com os hospitais. O grupo do Colégio Santa Catarina tem focado as ações nas crianças, mas relata resultados positivos com idosos.
Para Cristiane, é necessário atenção no momento de escolher os estudantes que farão as visitas:
— A pessoa tem de estar preparada para esse tipo de contato. Entrar em um hospital e conviver com pessoas doentes pode abalar alguns alunos. Os professores que convivem com eles são os mais preparados para fazer essa seleção.
Mudando hábitos
Como funciona
O Grupo de Intervenção Socioambiental é formado por 56 alunos da 8ª série que fizeram um mapeamento da situação das águas do Rio dos Sinos. Para isso, realizaram visitas e análises do rio e dos arroios que desaguam no Sinos.
Moradores das regiões ribeirinhas responderam a um questionário. A partir dos problemas encontrados, foi criado um plano de ação, para amenizar os efeitos da poluição. O objetivo é realizar campanhas de conscientização sobre os malefícios da ação do homem sobre o rio de onde é retirada a água consumida.
Resultados
A partir das visitas a arroios e ao Rio dos Sinos, os alunos puderam ter uma convivência mais próxima com a realidade do ambiente em sua cidade. Fora da sala de aula e longe dos convencionais livros, cada estudante pôde perceber como a interferência do homem pode prejudicar a natureza, causando malefícios que irão impactar em toda a sociedade.
A psicopedagoga Cristiane Griebler afirma que a mensagem passada pelos alunos pode mudar hábitos de moradores.
Outro benefício do projeto é a imersão dos estudantes em uma realidade diferente da que vivenciam. Nas visitas aos moradores de áreas ribeirinhas, os alunos perceberam que o problema do ambiente vai muito além dos hábitos: é uma questão social.
— Esses alunos entenderam que as pessoas que moram na beira do arroio não vivem ali por opção. Eles estão ali por um problema maior, que precisa ser discutido — diz Cristiane.
Como aplicar
O problema da poluição em rios e arroios está longe de ser uma exclusividade do Sinos. Ações como a desenvolvida no Colégio Santa Catarina podem ser aplicadas em outras cidades.
É necessário um grupo de estudantes interessados pelo tema ambiente. O projeto pode ser desenvolvido em paralelo com aulas de biologia. O início deve se centrar no diagnóstico do problema ambiental a ser combatido. Deve-se criar ações práticas que levem os estudantes para fora da sala. Uma das alternativas é utilizar a internet como ferramenta de divulgação e conscientização.
Colégio Santa Catarina, de Novo Hamburgo, é sede do encontro
Foto:
Arquivo do Colégio Santa Catarina
/
Agencia RBS
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2012 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.