Vestibular | 18/09/2012 11h02min
Concentrar as forças em uma única prova, seja ela o vestibular ou o Enem, não é o único caminho na busca pelo curso superior.
As universidades federais de Santa Maria e de Pelotas oferecem formas alternativas de ingresso. No lugar de uma maratona concentrada de provas, os estudantes podem enfrentar testes ao final de cada ano do Ensino Médio.
Ainda criança, o universitário Eduardo Fernandes decidiu que cursaria Medicina. Com o fim do Ensino Fundamental, traçou e pôs em prática sua estratégia para tornar-se o acadêmico que desejava: em 2009, mudou-se de Cruz Alta para Santa Maria, onde cursou o Ensino Médio no Colégio Riachuelo e participou do Programa de Ingresso ao Ensino Superior (Peies), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Ao longo do Ensino Médio, Eduardo participou de provas anuais e, assim, assegurou a vaga ainda aos 17 anos, em dezembro de 2011. Com avaliações específicas aplicadas ao fim de cada série do Ensino Médio, o Peies reservava 20% das vagas de cada curso para candidatos que ainda estavam na escola.
— Não deixei tudo para o último ano. O bom foi que, no meio do processo, já sabia quanto tinha de tirar na última prova. Como tinha me saído bem nas outras duas, foi mais tranquilo — comenta.
O futuro médico até fez o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas sem o fardo de enfrentar um dos concursos mais concorridos do Estado, afinal, sua vaga na UFSM já estava garantida. Assim, se arrisca a avaliar que um processo tradicional pode ser mais complicado.
— De repente seria até mais difícil, por envolver uma carga de conteúdos maior, de uma só vez — cogita.
Programa da UFPel começou em 2004, e o da UFSM passou por reformulação
No Rio Grande do Sul, duas importantes instituições públicas oferecem um sistema alternativo de ingresso: a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Redesenhado a partir do vestibular de 2011, o antigo Peies da UFSM agora se chama Processo Seletivo Seriado e não é mais exclusivo para alunos do Ensino Médio. Já a UFPel adota um sistema de seleção semelhante, o Programa de Avaliação da Vida Escolar (Pave), com reserva de vagas para os inscritos no programa.
Na avaliação de Eduardo Fernandes, estudante de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) selecionado pelo Peies, a vantagem desse tipo de sistema de seleção é não demandar capacidades que os concorrentes ainda não tenham adquirido:
— As provas são compatíveis com o nível de maturidade dos alunos e exigem apenas o conteúdo da série correspondente.
Popular na região de Santa Maria, o Peies começou em 1995 e chegou a ter 17 mil inscritos. Remodelado a partir do vestibular de janeiro de 2011, o novo processo terá agora sua primeira edição com concorrentes efetivos a uma vaga.
Com as mudanças e a extinção do Peies, o sistema da UFSM não reserva mais vagas nem tem provas específicas — os candidatos farão o mesmo teste que os demais vestibulandos. Agora, até mesmo estudantes que já concluíram o Ensino Médio também podem se inscrever nesta modalidade.
— O Peies tinha provas nas escolas, exclusivas para estudantes de Ensino Médio. Em 17 anos, cumpriu sua função, mas se esgotou — explica o presidente da Comissão Permanente do Vestibular (Coperves) da UFSM, professor Celso Arami Marques da Silva.
Em Pelotas, 10% das vagas são do Pave
Semelhante ao Peies, o Pave foi lançado em 2004 pela UFPel. Ele é estruturado em subprogramas que contemplam o triênio de formação no Ensino Médio.
Ao fim de cada ano letivo, os alunos são submetidos a uma prova objetiva, baseada nos conteúdos referentes à série recém cursada.
Com a extinção do vestibular tradicional na universidade — atualmente os novos estudantes são escolhidos via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) —, a UFPel reserva 10% das vagas de todos os cursos para concorrentes que integram o Pave. Na conclusão da última etapa do Pave 6, no fim do ano passado, 730 candidatos disputaram 349 vagas.
Conheça o Processo Seletivo Seriado da UFSM
> São aplicadas três provas objetivas, referentes a cada uma das séries do Ensino Médio. A PS1 tem conteúdo do 1º ano, a PS2 traz questões do 2º ano, e a PS3 aborda o que é visto no 3º ano.
> Apenas a PS3 é seguida de uma prova de redação.
> O processo é destinado tanto a estudantes matriculados no Ensino Médio quanto àqueles que já concluíram essa etapa.
> Com inscrições encerradas em agosto, o vestibular seriado custou R$ 45 por prova.
> Dos 19 mil inscritos na seleção seriada, 2,5 mil farão a PS3 e a redação, concorrendo com os candidatos do processo único — este, com 24,1 mil participantes.
> A PS1 terá 38 questões, envolvendo biologia, física, língua estrangeira, português, literatura, matemática e química.
> A PS2 terá 52 questões, sobre biologia, física, geografia, história, língua estrangeira, português, literatura, matemática e química.
> A PS3 terá 53 questões de biologia, filosofia, física, geografia, história, português, literatura, matemática e química, além da redação.
Saiba como ingressar na UFPel pelo Pave
> As provas referentes ao 1º e ao 2º anos do Ensino Médio têm 50 questões objetivas.
> Na última etapa — quando o candidato faz a opção pelo curso —, a prova tem 43 questões objetivas e uma redação.
> O período de inscrições ainda será definido em edital, mas deve ser entre o fim de outubro e o início de novembro.
> As provas deste ano devem ocorrer em dezembro, em datas ainda a serem confirmadas.
> A participação é restrita a estudantes matriculados no Ensino Médio regular — o que exclui a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
> O peso das etapas aumenta conforme o processo avança.
> A prova 1, com 50 questões de língua estrangeira, português, literatura, biologia, física, matemática, geografia, história, química e filosofia (questões interdisciplinares), tem peso 1.
> Com peso 2, a segunda prova também traz 50 questões das mesmas disciplinas. Já na prova 3, que tem peso 3, são 43 questões objetivas de língua estrangeira, português, literatura, geografia, história, química, biologia, física, matemática e filosofia (questões interdisciplinares), além de uma redação.
ZERO HORA
"No meio do processo, já sabia quanto tinha de tirar na última prova", relata Eduardo Fernandes, estudante aprovado em vestibular seriado da UFSM
Foto:
Roberto Witter
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