Acessibilidade | 16/09/2012 21h04min
Clóvis Cardoso Machado, 16 anos, e João Anibal Pires, 12, são adolescentes especiais que amam estudar. Por lei, os dois têm direito de aprender em escolas sem obstáculos. Mas, na prática, não é bem assim. Enquanto João goza de todos os seus direitos, Clóvis luta desde que começou a estudar para que eles sejam atendidos. Santa Catarina possui 6.325 alunos especiais matriculados em escolas públicas, onde a percentagem de professores especializados não atinge 3%.
Com o sonho de ser professor, Clóvis, que nasceu sem movimento nas pernas, integra 1% dos alunos com algum tipo de deficiência matriculados na rede estadual de ensino que são assistidos por 410 professores especializados (0,97% do total). O maior problema não está na área pedagógica e, sim, na infraestrutura.
Falta de rampas faz com que Clóvis precise ser carregado
Hoje, 1.112 escolas estaduais precisam se adequar às normas de acessibilidade, como a Estadual Nossa Senhora da Conceição, em São José, onde Clóvis estuda. Inaugurada há 67 anos, a última grande reforma ocorreu há 15 anos e os 58 alunos com deficiência ainda aguardam as adequações.
— Se deslocar sozinho pela escola é um direito dele que há oito anos esperamos que seja atendido — diz a mãe, Maria Anacleto Cardoso.
Realidade bem diferente de João Anibal Pires, aluno do 6º ano da Escola Básica Municipal João Gonçalves Pinheiro, na Capital. Ele e mais 453 alunos especiais da rede municipal de Florianópolis têm assistência de 42 professores (2,2% do total), cobertura que não deixa nenhum aluno sem atendimento especializado. Na escola, que segue todos os critérios para a acessibilidade, João, que é surdo, demonstra a mesma capacidade dos colegas. Tem uma intérprete de Libras só para ele e reforços em todas as disciplinas duas vezes por semana.
— O começo foi difícil, passei por cinco escolas particulares e nenhuma queria aceitá-lo, até que encontrei o espaço ideal — diz a mãe orgulhosa, com o filho, que tem boas notas.
Até 2016, 100% no padrão
O diretor-geral da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, Flávio Bernardes, afirma que conhece todas as melhorias que precisam ser feitas na escola do aluno Clóvis Cardoso. Machado Como o prédio é antigo seria preciso construir uma nova escola, um investimento de R$ 8 milhões, segundo ele, sem prazo para ser liberado.
— Hoje não temos esse recurso, precisamos estabelecer prioridades. Primeiro temos que reformar os casos emergenciais, que podem colocar a vida dos estudantes em risco, com um telhado prestes a cair, por exemplo, e depois chegar à acessibilidade — diz.
Já na rede municipal da Capital, as metas para atender aos alunos especiais estão mais palpáveis. O diretor de Infraestrutura, Maurício Amorim, afirma que até 2016, 95% das escolas municipais estarão 100% dentro das normas de acessibilidade.
— As novas escolas já estão no padrão. A modelo é a Escola Osvaldo Galupo (Morro do Horácio), que tem até elevador para atender aos cadeirantes.
João Anibal é surdo e na língua dos sinais descreve a palavra acessibilidade
Foto:
Caio Marcelo
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