Agenda | 14/09/2012 06h57min
Numa cidade distante 760 quilômetros de Florianópolis as casas são bonitas e bem pintadas, os gramados verdes e floridos. As ruas são limpas. Não há mendigos. A delegacia quase não tem ocorrências. Coincidência ou não, São João do Oeste é o município mais alfabetizado de Santa Catarina e o segundo mais alfabetizado do Brasil. E o interessante é que a cidade não tem escola particular. Os 1,1 mil alunos são de sete escolas municipais e três estaduais. É que o município, desde a colonização, tem a educação como prioridade.
— O município dá apoio e os professores são competentes — explica a diretora do Centro Educacional São João do Oeste, Jacinta Dill, que tem 220 alunos do ensino fundamental.
Ela explica que os 20 professores tem pós-graduação. Os estudantes devem seguir uma cartilha de boas maneiras, como esperar sua vez na fila, esperar sua vez de falar e deixar a sala limpa e arrumada. Quando bate o sinal no fim do dia não há aquela correria alucinada como em algumas escolas. Cada aluno pega a sua cadeira, coloca virada sobre a carteira e sai ordenadamente. O gosto pela leitura é estimulado, com uma biblioteca farta. Além disso, em cada sala de aula, há livros disponíveis.
— Hoje eu peguei nove livros para ler em casa — afirma Carine Folmann, de 10 anos, que está no quarto ano. Ela lê em média 20 livros por mês. E ao mesmo tempo em que se dedica à leitura, recebe aulas com o netbook que foi doado para a escola. O quinto ano, também está ligado à tecnologia, com uma lousa interativa. Ou seja, a escola mantém-se atualizada às inovações mas sabe que isso é apenas um aspecto a ser levado em conta. O que vale é ter uma aula atrativa.
A professora Marlise Klunk, que dá aula para o primeiro ano, chega a dar cursos sobre técnicas de ensino. Ela monta brinquedos com material reciclado que servem para a aprendizagem. Com tampinhas de refrigerante e latas ela trabalha a adição e subtração. Cartas de baralho viram jogo de memória. Com caixas ela cria dados com letras e números.
— Eles aprendem brincando — explica a professora, que sente-se feliz e realizada na profissão.
Um dos segredos dela é manter a atenção dos alunos. Tanto que, se alguém não está prestando atenção, ela para a atividade, até que todos estejam atentos.
— Para aprender o aluno precisa estar ligado em você — explica.
Outra estratégia da Escola é oferecer aulas de reforço desde o início do ano, para alunos que demonstram dificuldade. Com isso eles não chegam no final do ano sem ter aprendido o conteúdo. Além disso há atividades diferenciadas, como aulas de alemão. Júlio César Ritter, de 11 anos, prevê que isso será importante no futuro, tanto profissionalmente, como para visitar outros países.
A secretária de Educação do Município, Silvane Baugarten, disse que a disputa na região é grande para dar aula em São João do Oeste. Leane Boebel, é de Mondaí, fez curso de alemão na UFSC e agora foi dar aula em São João do Oeste. Ela também se sente valorizada na cidade. Reflexo disso é que, ao perguntar para as alunas Raquel Schneider Wirth e Jussara Webers, de seis anos, o que pretendem ser no futuro, elas respondem: — Quero ser professora.
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