Educação Básica | 10/09/2012 23h56min
Caía uma chuva fraca quando Mônica Reichert Weyh atravessou os portões da escola Maria Saturnina Ruschel na tarde desta segunda-feira. Nada que abalasse o ânimo ou concorresse para apagar o sorriso da professora de Feliz, no Vale do Caí. Passado mais de um mês de luta, ela foi readmitida como professora do Estado.
Depois de, aos 23 anos, ter vencido um câncer e passado por cima da burocracia para realizar o sonho de dar aulas de matemática, não seria o dia cinzento que diminuiria a felicidade de Mônica. Desde 3 de agosto, quando um laudo a considerou inapta ao trabalho como professora, foram 37 dias afastada daquilo que sempre sonhou em fazer.
— Para mim, é a realização de um projeto, de tudo que eu sempre planejei. Depois de toda a luta contra a doença, de tantas idas e vindas da burocracia, eu cheguei a pensar em desistir — afirma.
Na sala de aula, a professora foi recebida com um abraço coletivo dos alunos da turma 62. Mesmo que o momento fosse de comemoração, em pouco tempo o giz estava entre os dedos da profissional, e os números passaram a povoar o quadro. Ela não queria perder tempo, já que o dia era de ensinar equações.
— Estou em contrato emergencial, mas minha ideia é me preparar para fazer o concurso e seguir dando aulas aqui — diz.
A resposta formal de que reassumiria as turmas e o consequente alívio depois de tanta batalha vieram por e-mail na tarde de quinta-feira passada. Mas, até segunda-feira, a professora não sabia ao certo por que o médico que a avaliou a considerou inapta:
— Não existe uma explicação lógica. A única coisa que pode ter acontecido foi um preconceito pelo fato de eu ter estado doente. Eu me sentia injustiçada, mas ainda bem que isso foi superado.
Direção, professores e alunos esperavam com ansiedade pela volta de Mônica. Durante o afastamento, as turmas ficaram sem as aulas de matemática. Por dedicação aos estudantes, Mônica seguiu enviando trabalhos e provas, mas as horas terão que ser repostas.
— Ainda não sabemos como isso será feito. Os pais e os próprios alunos estavam preocupados com o ano letivo. Procuramos dar apoio a ela e buscávamos respostas _ conta a diretora da escola, Márcia Griebeler Freiberger.
A luta para trabalhar
2011
Maio — Mônica descobre que tem um linfoma, um tipo de câncer.
2012
Março — Depois de quase um ano de tratamento, a professora recebe a notícia de que está curada. Ela se inscreve para dar aulas a partir de um contrato emergencial com o Estado.
Maio — A professora é chamada e começa a lecionar em Feliz, no Vale do Caí.
5 de julho — Mônica faz a perícia para assinar o contrato.
3 de agosto — Ela é informada de que o médico do Estado a considera inapta e tem de parar de trabalhar.
13 de agosto — A professora recorre e pede um relatório explicando a decisão.
20 de agosto — Um novo laudo é redigido, reconsiderando a posição inicial e declarando a professora como apta para o trabalho.
28 de agosto — É publicado no Diário Oficial o resultado do segundo laudo.
6 de setembro — Mônica recebe um e-mail confirmando que voltaria a dar aulas.
10 de setembro — A professora volta para sala de aula.
Na sala de aula, professora foi recebida com alegria e abraço coletivo dos alunos
Foto:
Miro de Souza
/
Agencia RBS
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2012 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.