A Educação Precisa de Respostas | 02/09/2012 17h54min
O estudante não vai bem nas aulas, suas notas estão baixas e ele reprova de ano. Cobrar? Brigar? Trocar de escola? Talvez nada disso funcione e só piore as coisas. Assim, o correto é unir, apoiar e agir. Foi o que fez uma das comunidades mais carentes de Lages. O índice de reprovação na escola do bairro era alto e os alunos repetentes estavam desmotivados.
A direção estava preocupada e a situação parecia estar fora de controle. Até que uma ideia inovadora surgiu, todo mundo abraçou a causa e o que antes era lágrimas, hoje é só sorrisos. Era começo de 2009 quando a secretaria da Educação de Lages determinou a todas as escolas públicas municipais que estabelecessem metas para melhorar os índices de leitura e escrita entre os alunos.
Cada uma adotou suas estratégias, mas a Escola Professor Osni de Medeiros Régis, no Bairro Tributo, fez mais do que isso e envolveu pais, alunos e professores numa campanha que está transformando a vida de todos eles. O Programa Aprovação Certa (PAC) surgiu inspirado no Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal com o objetivo de reduzir ao máximo o índice de reprovação entre os alunos, atualmente num total de 560, do pré-escolar ao nono ano do ensino fundamental.
Quando o PAC foi implantado, o índice de repetência era de 13,74%. Hoje, caiu para 7,1%. A diretora da escola, Lidia Mara Pereira Furtado, destaca que, com o PAC, os estudantes passaram a receber mais assistência pedagógica, atendimento psicossocial, reforço de informática, português e matemática, aulas de inglês, redação e literatura, escolinhas de esportes, coral e dança. Até aulas de valores e vivências eles frequentam, algo fundamental para uma comunidade onde o índice de pobreza e criminalidade é grande e onde muitos alunos enfrentam problemas em suas famílias, como pais desempregados, presidiários, alcoolistas, violentos e usuários de drogas.
— Temos constatado uma melhora na autoestima e na integração entre os alunos.E não temos registros de violência e depredação na escola.
Amigos do Osni ajudam a atingir o objetivo
O esforço da comunidade escolar teve uma boa recompensa, com a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A nota que era de 4,1 em 2009, nos anos iniciais, passou para 5,9 em 2011. Nos anos finais, o índice passou de 3,8 para 4,5. Uma importante ferramenta do PAC da escola é o projeto Amigos do Osni, no qual os alunos mais velhos, do sexto ao nono ano e com bom desempenho, auxiliam os mais novos, do primeiro ao quinto ano.
Os Amigos do Osni atuam voluntariamente e obedecem uma escala de horário, nos turnos em que não estão em aula, permanecendo o dia inteiro na escola. Gisele Bonfim, 13 anos, é uma Amiga do Osni. Ela se ofereceu a participar do projeto, pois considera que o objetivo de ninguém reprovar depende muito do fato de não haver o sentimento de egoísmo.
— Adoro ajudar, pois acompanho o aprendizado e o crescimento dos pequenos, tanto que quero ser professora. Assim, com a presença dos Amigos do Osni, alunos como Everton Teles Campos e Jéssica Cassão Borges, ambos de 10 anos e ajudados por Gisele, melhoram o rendimento nas aulas. Quem também comemora o sucesso do PAC é Rita Aparecida Rosa, 43, professora da escola e mãe de Marcos Vinícius, de nove anos e aluno do terceiro ano. Há apenas três meses, o garoto estudava em outra escola, não tinha interesse nas aulas e estava atrasado. Com o ingresso na Osni de Medeiros Régis, melhorou seu rendimento.
Os Amigos do Osni atuam voluntariamente e obedecem uma escala de horário. Na foto: o aluno Everton Teles Campos, a voluntária Gisele Aparecida Godoy Bonfim e a aluna Jessica Cassão Borges
Foto:
Vani Boza
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