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 | 11/08/2011 09h40min

Professoras de Joinville e Itapoá recebem prêmio "Educador nota 10"

As ideias das duas garantiram prêmio da Fundação Victor Civita

Gisele Krama  |  gisele.krama@an.com.br

Célia Maria Ribeiro Batista, 42 anos, é professora de matemática e atua há 15 anos na Escola Municipal Presidente Castello Branco, no bairro Boa Vista, em Joinville. Cátia Eliane Nicolachik, 35, também é educadora e trabalha na alfabetização dos alunos de primeiro ano da Escola Municipal de Educação Fundamental Ayrton Senna, em Itapema do Norte, balneário de Itapoá.

Elas não se conhecem, mas receberam recentemente o mesmo título: “professoras nota 10”. Ambas estão entre os dez profissionais selecionados no concurso Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e concorrem ao prêmio Educador do Ano. Serão as únicas representantes da região Sul do País na reta final do concurso, um dos principais do País na área. As professoras terão a oportunidade de se conhecerem no dia 17 de outubro em São Paulo, quando ocorre a premiação.

Desde 2009, a região Norte do Estado tem professores pleiteando o prêmio máximo. Até agora, ninguém levou o primeiro lugar. As candidatas afirmam estar apreensivas, ansiosas e felizes por esse resultado. Afinal, não é toda hora que a carreira de uma professora de escola pública ganha o glamour de se destacar entre colegas de todo o Brasil, inclusive de instituições particulares.


Cálculo para a geração visual

Com a ajuda de um quadro cheio de números e formas, Célia Batista (foto abaixo) bolou um jeito diferente de ensinar os cálculos matemáticos que a geometria pede. Aproveitando que os alunos dos 6º anos fazem parte de uma geração visual – que não sai da frente da TV nem do computador – ela deu forma aos cálculos. Cola, cartolina e  fita crepe transformaram papel-jornal em figuras. Em vez de abstrair e decorar fórmulas, meninos e meninas de 11 anos puderam imaginar o cálculo da área.



O novo método foi aplicado ao longo de junho. Célia inscreveu a iniciativa, mas nem esperava ser selecionada.

— Esse tipo de trabalho é do nosso cotidiano. Mas a gente não mostra.”

A teoria funcionou na prática. A professora constatou que os alunos absorveram mais informações depois que passou a dar forma às áreas das figuras. O quadro de papel, explica ela, simplificou o cálculo da área da sala de aula, por exemplo.

A diretora da escola, Fabiane Cristina do Nascimento, conta que Célia sempre teve iniciativas diferentes.

— O resultado é um passo para motivar os colegas —, lembra.

A escola acumula outras conquistas. No último Índice Desempenho da Educação Básica (Ideb), de 2009, a escola obteve a maior nota do Estado (7,8) nas séries iniciais (4ª série ou 5º ano). A média das escolas de SC – até privadas – foi 5,2.

O alfabeto no conto de fadas

Desde que concluiu o curso de pedagogia, Cátia Nicolachik tomou para si a responsabilidade de alfabetizar crianças, o que pode ser traduzido por ensinar os pequenos a observar o mundo pelas palavras. Com 16 anos de experiência, buscou formas inovadoras de fazer com que os alunos aprendessem a ler e a escrever.

Nada melhor para isso do que apresentar à garotada o processo de criação literária. Logicamente, de forma proporcional ao conhecimento de crianças de seis a sete anos – com a escrita, mas também pelas ilustrações que complementam o texto.

No projeto finalista, Cátia escolheu a história de Chapeuzinho Vermelho, criada pelos Irmãos Grimm no século 14. Mostrou aos alunos as várias versões do conto, em livros e filmes. Os pequenos passaram então a escrever coletivamente um texto e depois a repeti-lo em duplas.

Depois de reescrever muitas vezes estas versões, o material resultou num livro, com direito a uma sessão de autógrafos protagonizada pelos alunos da 1ª série. Mas não foi de um dia para o outro. Custou três meses de trabalho e muita criatividade para tocar cada passo. Mas o esforço rendeu frutos, além do reconhecimento nacional para a escola municipal – uma das sete na cidade de 14 mil moradores no Litoral Norte.

Segundo a professora, o resultado foi um processo de alfabetização pelo qual o aluno não aprende a escrever pelo be-a-bá, mas sim tendo contato com bons textos. O processo criou uma ligação tão intensa entre educadora e alunos que Cátia assumiu a mesma turma neste ano, para dar continuidade ao trabalho.

Mas também houve percalços. A proposta exigiu bastante trabalho intelectual. Muitas vezes, lembra Cátia, os alunos se disseram enjoados de tanto revisar textos.

— Mas eles deram, brilhantemente, conta do recado —, diz, orgulhosa.

Prefeitura incentiva as iniciativas

Diferentemente de Célia Batista, única a se inscrever entre os docentes da Escola Municipal Castello Branco, Cátia Nicolachik concorreu com três colegas da Ayrton Senna, em Itapoá. Uma professora disputou vaga entre os dez finalistas. A Secretaria de Educação de Itapoá tem apostado na fórmula de trazer visibilidade às iniciativas e, assim, pôr a Prefeitura no mapa nacional do ensino.

O projeto que resultou nos livros publicados pelos alunos do 1º ano (2ª série) foi incentivado por um programa de formação tocado pelo município. Pelo programa, os professores passam por um processo de aprendizagem teórica aliada à prática, com o qual devem desenvolver projetos como o de Célia. Neste ano, 12 professores da rede municipal inscreveram as iniciativas no concurso da Fundação Victor Civita. No segundo semestre, vem outra rodada de projetos.

A esperança é de que o programa sirva de impulso para a rede de ensino de Itapoá. Na comparação entre o Índice de Desempenho da Educação Básica do Ministério da Educação, o Ideb, Joinville e Itapoá mostram realidades diferentes. A média das escolas públicas joinvilenses nas séries iniciais em 2009 foi de 5,2. Em Itapoá, foi de 4,8, ainda que a Ayrton Senna o tenha superado: 5,9.

Claudia Baartsch / Agencia RBS

Cátia incentiva alunos a escreverem histórias em Itapoá
Foto:  Claudia Baartsch  /  Agencia RBS


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