| 20/05/2011 09h
Os funcionários da Prefeitura de Joinville que aderiram à greve devem mesmo sentir no bolso os dias em que ficarão parados. A Prefeitura confirmou nesta quinta-feira que vai descontar cada dia não trabalhado sem justificativa e que, no próximo pagamento, muitos servidores já terão os respectivos salários descontados. O chefe de gabinete, Eduardo Dalbosco, enfatizou que a Prefeitura não vai ceder neste ponto.
Quem trabalha na sede da Prefeitura e na secretaria de Saúde teve o ponto fechado no último dia 10. Por isso, quem parou terá descontado três dias - os dois de greve e mais o descanso semanal remunerado. No Hospital São José, o ponto fechou no dia 15, o que significa que quem está desde o primeiro dia na greve terá seis dias descontados, incluindo o descanso. São pelo menos 6,7 mil contra-cheques fechados.
A Secretaria da Educação tem uma situação diferente. Os professores não terão descontos no próximo pagamento. Como a folha deles fecha no dia 30, a diferença virá somente no mês de julho. As escolas terão de repor os dias perdidos e à medida que os professores fizerem isso, terão os valores restituídos. Somente os funcionários de CEIs é que não terão como recuperar.
Um grevista que ganha R$ 1,5 mil e que trabalha na sede pode perder até R$ 150. Seriam R$ 100 dos dois dias não trabalhados e mais R$ 50 referente ao descanso. Além disso, quem recebe até este valor tem direito à cesta básica e uma falta já justifica a perda do benefício. Na questão de licença-prêmio, cada dia de ausência soma um mês de trabalho para poder usufruir do tempo de folga.
— A gente respeita o direito de greve, mas na medida que desampara o trabalho ele pode ter os dias descontados. Isso é uma consequência de qualquer greve — explica Dalbosco.
— Não estamos reprimindo, pelo contrário. Estamos fazendo um apelo ao bom senso — justifica.
Para Dalbosco, o desconto não é uma atitude para colocar fim ao movimento. Segundo o chefe de gabinete, não haverá tentativa de acabar com a greve.
— Nós estamos propondo que cancelem o movimento e abram negociação.
Na última quinta, segundo a Prefeitura, 1.610 pessoas faltaram ao trabalho sem justificativa, o que representa 14% do total dos servidores.
Sindicato diz não estar preocupado
O Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej) não demonstra preocupação com o fato de se descontar os dias não trabalhados dos funcionários públicos que participam da greve. Para o presidente Ulrich Beathalter, estes descontos podem ser revertidos em uma mesa de negociação.
— Quando sentarmos para conversar com a Prefeitura, vamos propor que os dias parados sejam compensados.
Ulrich diz que este tipo de situação faz parte de um embate como esse.
— Isso é comum em todo movimento grevista, independentemente do setor — afirma.
Mas para ele, a Prefeitura pode usar este artifício para tentar enfraquecer ou acabar com a greve.
— É a principal forma de tentar ameaçar o movimento. Mas estamos firmes no propósito de negociar nossas reivindicações — diz Ulrich. Depois do primeiro dia de acampamento em frente à Prefeitura, ontem à noite os manifestantes, todos com velas, fizeram mais um ato em frente ao prédio.
Ulrich também falou que nesta sexta ou na segunda-feira deve enviar ao Ministério Público de Santa Catarina a resposta do Sinsej sobre a recomendação dada pela promotora Rosemary Machado Silva na última terça-feira, assim como a versão do sindicato sobre a reunião de quinta-feira. A Prefeitura entregou na quinta-feirao vídeo do encontro e a resposta sobre a recomendação.
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