Quando operários começaram a trabalhar na BR-470, em Blumenau, bem em frente ao posto de combustíveis onde é operador de caixa, Jean Gervasi pensou que iriam apenas repintar a sinalização.

A pista ainda estava boa. Porém, eles aplicaram o que parecia ser uma camada asfáltica, fazendo Gervasi ficar desconfiado. Haveria necessidade de recapear? Mas o que operários estão aplicando não é asfalto: é microrrevestimento, um material impermeabilizante para dar mais durabilidade ao pavimento - o mesmo produto que foi usado na Rua 7 de Setembro, que recebeu o primeiro corredor de ônibus de Blumenau.

Superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o engenheiro Elifas Marques explica que o microrrevestimento é colocado em cima do asfalto que está em boas condições para ser uma proteção a mais, aumentando a vida útil. Só nos últimos cinco anos, de acordo com os arquivos do Santa, a rodovia passou por pelo menos três recapeamentos em trechos. 

- Com o passar do tempo, o asfalto vai tendo um desgaste natural, fica poroso e ganha trincas. Esses elementos fazem com que o asfalto absorva água e fique esburacado. O microrrevestimento minimiza a quantidade de água que será absorvida pelo asfalto - diz Marques.

Professor de Pavimentação no curso de Engenharia Civil da Furb, José Nuno Amaral Wendt aprova a medida. Segundo ele, a água é um dos principais fatores para a deterioração do asfalto:

_ A impermeabilização é uma manutenção que ajuda bastante a se manter o pavimento.

Esta não é a primeira vez que o microrrevestimento é usado na rodovia. O serviço está sendo feito em toda a extensão da rodovia, mas só nos trechos em bom estado. Faltam seis quilômetros para se chegar ao trevo de Navegantes, mas não há previsão de quando o trabalho será finalizado. O microrrevestimento só pode ser aplicado em dias de sol porque precisa do calor para curar. Se for colocado em dias nublados ou de chuva, é prejuízo:

- O trabalho deveria estar pronto há um mês e meio, mas dependemos do clima. Sabemos que pelo menos até segunda-feira não vamos trabalhar porque não tem previsão de sol. Isso atrasa o serviço - explica Marques.

Quem não gostou da aplicação de microrrevestimento foi Marli Molverste. Funcionária de uma borracharia em Blumenau, ela afirma, sem citar percentuais, que já sente queda no movimento nos últimos meses.

- Para mim foi ruim que eles colocaram, o melhor seria que não fizessem nada - brinca.