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 | 19/04/2011 09h34min

Motoristas devem cuidar ao buscarem alternativas diante dos altos preços da gasolina

Veículo precisaria rodar, 17,1 mil quilômetros para compensar conversão para GNV

Felipe Pereira  |  felipe.pereira@diario.com.br

Instalar um kit de GNV no carro não é garantia de que você poupará dinheiro. A economia chega a 48% em relação à gasolina, o que certamente é bastante tentador. Mas outros fatores têm que ser levados em conta antes de tomar a decisão: a quilometragem média do veículo e os próximos passos do governo, que estuda medidas para frear a escalada de preços dos combustíveis no país.

Em outras palavras, o motorista precisa avaliar com cuidado a relação custo-benefício. Um kit novo não sai por menos de R$ 2,4 mil nas empresas que realizam a instalação.

Confira o custo por combustível

Para recuperar este investimento, um veículo a gasolina convertido para GNV precisaria rodar, no mínimo, 17,1 mil quilômetros. Por exemplo, se o dono de um Gol 1.0 gastar dois tanques cheios (55 litros) por mês, terá rodado pouco mais de 13,2 mil quilômetros ao fim de um ano.

Existe ainda o fator mecânica: a adaptação provoca um maior desgaste dos cabos de vela, cuja vida útil pode cair pela metade (de 30 mil para 15 mil quilômetros). Além disso, como os cilindros do motor trabalham com um combustível seco, a falta de lubrificação pode causar avarias. O recomendado é usar gasolina ou o etanol por três a cinco quilômetros todos os dias.

Safra de cana começou este mês

O consumidor dono de um modelo flex tem uma razão extra a ser considerada antes de comprar um kit GNV. Ayrton Fontes, consultor de montadoras e economista da agência de varejo automotivo MSantos, lembra que a nova safra de cana-de-açúcar iniciada este mês fez os preços do etanol começaram a ceder no interior de São Paulo, região onde estão concentradas as grandes usinas do país.

No momento, segundo os dados da pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o etanol não é vantajoso em nenhum estado brasileiro. Em função do poder calorífico do motor a álcool ser menor, ele só vale a pena se custar até 70% do preço da gasolina. Em Santa Catarina, esta relação é de 97%.

Fontes projeta que o recuo de preços do etanol chegará ao restante do país até a primeira semana de maio. Enquanto isso não se confirma e com o etanol custando mais do que a gasolina em alguns postos da Capital, a procura por kits GNV disparou nas oficinas credenciadas da Grande Florianópolis.

A Hiper Gás só tem horário disponível para a próxima semana. A dona Desirre Vargas diz que o aumento da demanda, iniciado há três semanas, é puxado por motoristas que têm carro flex e reclamam do preço do álcool. O grosso da clientela é formado por veículos de frota e pessoas que dependem de automóvel para trabalhar.

A demanda maior pelo serviço obrigou a contratação de dois empregados: uma secretária para fazer orçamentos e um mecânico. Segundo Desirre, quem nunca usou o GNV faz muitas perguntas, mas a o preço convence.

O presidente da Associação Catarinense de Gás Natural Veicular, Ivo Petras Konell, faz coro e diz que o alívio no bolso é o principal atrativo do GNV. E a SCGás, distribuidora do combustível no Estado, afirma que o número de postos com GNV passará de 140 neste ano, para atender a uma frota que deve atingir 92 mil veículos até dezembro.

Especialista não recomenda GNV

Mesmo assim, o consultor Ayrton Fontes avalia que a instalação do equipamento não deve ser feita agora e nem nos próximos meses. Ele argumenta que o preço mais baixo na bomba é momentâneo e logo vai passar.

Fontes lembra que, há dois anos, ocorreu o contrário: uma imensa oferta de cilindros e peças para instalação de GNV. Era o momento dos carros flex. O consultor considera instável a situação do setor de combustíveis no Brasil. Para ele, o cenário só mudará quando o governo federal adotar uma política nacional de combustíveis.

Essa política determinaria as regras para o aumento do álcool, gasolina e GNV. Uma vantagem para o consumidor seria saber com antecedência como os preços dos combustíveis iriam variar. Fontes acredita que a regulação do setor ocorra até o final do ano. Até lá, fica impossível prever futuros aumentos e planejar o orçamento mensal.

O próprio gás natural iria subir 12% para as distribuidoras na última sexta-feira, segundo anúncio da Petrobras. O governo cancelou o reajuste de última hora diante da repercussão negativa.

DIÁRIO CATARINENSE
Daniel Argenta Rosa, divulgação / 

Disparada de preços nos postos de combustíveis têm impulsionado o setor de conversão de veículos para GNV
Foto:  Daniel Argenta Rosa, divulgação


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