Desde o início das aulas na rede estadual, em 7 de fevereiro, há colégios em Santa Catarina ainda sem professores. Em Florianópolis, por exemplo, os alunos do ensino médio da Escola Estadual Urbana Jurema Cavallazzi aguardam um professor de filosofia. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, chamadas públicas estão sendo feitas para resolver o problema.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) de Santa Catarina, Alvete Bedin, disse que num encontro, no último final de semana, com as 30 coordenadorias regionais do sindicato, pelo menos 90% delas reclamaram da falta de professores nas escolas onde atuam.

Uma das regiões é Araranguá, no Sul do Estado. O coordenador regional Luiz Fernando Martins diz que mesmo depois da terceira chamada dos professores admitidos em caráter temporário (ACTs), feita na última semana, continuam faltando docentes.

— Agora eles estão sendo chamados por currículo. Duas áreas críticas são sociologia e filosofia. Desde que essas disciplinas tornaram-se obrigatórias, faltam profissionais — observa Martins.

Em Chapecó, no Oeste catarinense, os colégios estaduais Bom Pastor, Marechal Bormann e Professora Zélia Scharf aguardam professores de matemática e artes. O concurso para docentes ACTs na rede estadual, realizado em outubro do ano passado, recebeu 33,9 mil inscrições. O resultado saiu em novembro. Mesmo assim, a primeira chamada só aconteceu no final de janeiro.

— Primeiro tivemos que esperar as matrículas dos alunos e saber os professores efetivos que não vão mais dar aulas, para depois distribuir as vagas entre os ACTs — justificou a diretora de Desenvolvimento Humano da secretaria da educação, Elizete Mello.

Em fevereiro, foram feitas mais duas chamadas. Cerca de 9 mil docentes temporários foram convocados. Como em alguns locais ainda faltaram profissionais, ele serão selecionados com base no currículo, em chamadas públicas que já estão acontecendo. Elizete não soube informar em quais das 36 gerências.

A diretora argumenta que a falta de professores é um problema pontual e que vai aparecer durante todo o ano.

— Sempre vamos ter um profissional que se afasta de licença médica, ou que desiste. Todo ano é assim. Mas sempre resolveremos o problema — garantiu.

A ausência de docentes não é um problema exclusivo do Estado. Dados do último censo do ensino superior do Ministério da Educação mostraram que diminuiu o número de pessoas interessadas nos cursos de licenciaturas. Em 2005, quase 80 mil pessoas pegaram o diploma para dar aulas no Ensino Fundamental e Médio. Em 2009, o número caiu para 64 mil.