O X da Educação | 01/10/2011 11h10min
Ao terminar o Ensino Médio, em Santa Cruz do Sul, Renata Schuh ingressou no curso de Arquitetura, influenciada pelos pais, que têm uma loja de decoração. Ela tinha certeza da escolha, nunca havia pensado em seguir outra profissão.
Desde o início, no entanto, a estudante sentiu dificuldades, principalmente nas disciplinas de desenho. Apesar de gostar do ambiente da universidade e de ter feito amigos, ela acabou desistindo da faculdade após quatro semestres. Para refletir sobre o que queria fazer, Renata passou um ano apenas trabalhando. Cogitou Moda, pois estava inclinada para as artes. No fim das contas, escolheu Cinema e se mudou para Porto Alegre.
– Foi amor à primeira vista. Já trabalho como assistente de produção, acho que agora encontrei o meu caminho – comemora a jovem de 22 anos.
Trocar de curso é comum no Ensino Superior e envolve uma série de fatores que abrangem desde a preparação oferecida pela escola até as caraterísticas pessoais de cada estudante. Gerente de Atenção ao Aluno da Unisinos, Rosangela Fritsch aponta que um fraco desempenho acadêmico costuma levar à desistência.
– O aluno vem com fragilidade de conteúdo do Ensino Médio, carente de metodologia de aprendizado e com pouca autonomia para ser universitário. Então, quando ele começa a ter fracassos, a reprovar, isso mexe com a autoestima – explica.
Para evitar uma decisão equivocada, o aluno deve descobrir do que gosta
Outros elementos determinantes, cita a professora, são os aspectos sociais e financeiros e a escolha profissional. Muitos graduandos que precisam trabalhar têm dificuldade em conciliar os horários e acabam evadindo. Além disso, os alunos ingressam cada vez mais novos e com pouca informação sobre as possibilidades de carreira.
Segundo a psicóloga Cláudia Sampaio, do Núcleo de Apoio ao Estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cursos muito difíceis ou que têm mais disciplinas teóricas no início podem gerar desmotivação, quando surge a pergunta: “Vale a pena seguir em frente?”. Para evitar uma decisão equivocada, o aluno deve saber do que gosta e conhecer as opções – os serviços de orientação profissional são uma forma de trabalhar esses questionamentos.
– Não é errado trocar, o importante é como fazer isso. Alguns desistem sem nem pesquisar outras áreas dentro do próprio curso. O estudante precisa parar e refletir, em um processo de autoconhecimento – recomenda.
Dicas de especialista
Coordenadora do Centro de Avaliação Psicológica, Seleção e Orientação Profissional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maria Célia Lassance dá dicas para quem está cogitando trocar de curso:
- Antes de se decidir, converse com colegas mais adiantados, informe-se sobre o perfil do egresso do seu curso e as possibilidades ocupacionais para as quais ele prepara.
- Você passará por disciplinas pelas quais não se interessa, pois são conhecimentos que fazem parte das atividades da profissão. É preciso ter paciência. Converse com outros alunos e professores e procure o projeto político-pedagógico do curso.
- Informe-se sobre as atividades que os profissionais formados no seu curso exercem. Os cursos preveem estágios. São a melhor maneira de você conhecer as práticas e possibilidades de sua formação.
- Ninguém nasce destinado a uma profissão ou com “uma vocação”. Todos nós temos muitas habilidades e interesses e, sendo assim, podemos seguir mais de uma profissão com satisfação e sucesso.
Transferência é uma opção
- Nem sempre é necessário prestar vestibular novamente para começar outro curso. É importante se informar sobre como funcionam os processos de transferência. Muitas instituições permitem ao aluno trocar de curso internamente, mas, às vezes, isso depende da disponibilidade de vagas. Para mudar de universidade, pode ser exigida a realização de provas. Mesmo quem já está formado tem a possibilidade de tentar entrar em outra faculdade, por meio do sistema de ingresso diplomado, que costuma envolver provas, análise de currículo e/ou entrevista.
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