Dúvidas sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são comuns entre a comunidade escolar, que está na reta final de preparação para as provas. Abaixo, estudantes e professores fazem perguntas sobre a avaliação, marcada para os dias 22 e 23 de outubro.

Participaram da elaboração das questões os alunos de 3º ano Yasmin Trindade, 16 anos, Guilherme Fritsch, 16 anos, Bertran Filomena, 17 anos, e Luisa Kreitchmann, 16 anos, e os docentes Dagoberto Nunes de Avila, de biologia, e Gloria Celeste Bittencourt, de química.

As respostas foram fornecidas pela presidente do Inep, Malvina Tuttman, e pela assessoria de imprensa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

1 - Por que o Enem não é feito em quatro dias, como os vestibulares tradicionais? É pouco tempo para fazer questões com textos muito grandes.

Calcula-se uma média de três minutos de resposta para cada questão, ou seja, 270 minutos para responder 90 questões, o que equivale a 4h30min, tempo disponível aos respondentes do Enem. Para a confecção da redação, é estimado o tempo de uma hora.

Quando pensamos em toda a logística envolvida em uma prova que é aplicada simultaneamente em 1.599 municípios de um país de dimensões continentais, percebemos que seria impossível a ampliação do tempo de aplicação.

2 - Por que não fazer uma prova só? Ao dividir as provas em cores, aumentam as chances de ocorrerem erros.

Como em qualquer prova ou teste que envolve um número elevado de respondentes, a mudança na ordem das questões em cadernos com cores diferentes dificulta que um candidato copie as respostas daqueles que estão sentados a sua volta.

3 - Por que as questões são tão extensas? Exige muita leitura e o tempo não é suficiente.

As questões do Enem privilegiam a contextualização e isso demanda, em muitos casos, a descrição de uma situação-problema.

4 - O que precisa estudar para a prova? A proposta do exame é abrangente, muitos alunos não sabem no que se focar.

As matrizes com as habilidades cobradas no exame, bem como os objetos do conhecimento, encontram-se disponíveis no site do Inep: http://portal.inep.gov.br/web/enem/enem

5 - Como é a correção da redação? É diferente dos vestibulares das universidades?

O processo de correção inicia-se com a seleção dos corretores e supervisores em todo o Brasil e com o treinamento cuidadosamente elaborado e supervisionado pelo Inep.

Adotamos a metodologia de avaliação denominada duplo-cego, em que cada redação é corrigida duas vezes sem que um corretor tenha acesso ou conheça a nota atribuída pelo outro e sem que ambos conheçam o autor da redação. A nota final corresponde à média simples das notas atribuídas pelos dois corretores.

Em uma escala de 0 a 1.000 pontos, caso haja discrepância de 300 pontos ou mais na nota atribuída pelos corretores, a redação passará por uma terceira correção, realizada por um supervisor.

6 - Por que os conteúdos não são tratados diretamente, como no vestibular? Uma única questão mistura três conteúdos diferentes.

A matriz do Enem é composta por competências e habilidades, o que estimula a confecção de questões com abordagem interdisciplinar. Não se trata de mistura de conteúdos e, sim, da mobilização de conhecimentos da mesma ou de diferentes disciplinas escolares para solucionar uma situação-problema que aborda aspectos da vida em um contexto extraescolar.

7 - O MEC cogita fazer sete edições do Enem em um mesmo ano, como o SAT (Scholastic Aptitude Test, exame que serve de critério para admissão em universidades norte-americanas)? Quando isso seria aplicado?

Esse tipo de aplicação requer uma quantidade expressiva de questões disponíveis. O Inep não tem medido esforços para ampliar a disponibilidade de questões no banco com a finalidade de aplicar o Enem em mais edições no mesmo ano. Para 2012, já estão previstas duas aplicações.

8 - O exame cobra muita interpretação dos estudantes, mas eles apresentam grandes dificuldades nesse aspecto. O que as escolas e os professores podem fazer para suprir essa necessidade?

O Enem busca avaliar competências e habilidades que se esperam de um concluinte do Ensino Médio. Nesse sentido, não se pauta exclusivamente na interpretação, mas sim em uma série de habilidades, tais como: comparar, avaliar, relacionar, selecionar propostas, analisar etc. Por isso, requer a mobilização de conhecimentos escolares para aplicá-los em contextos extraescolares. Entendemos que as escolas apresentam suas especificidades e, portanto, devem avaliar a melhor forma de colocar essas discussões em suas pautas.

9 - Existe a intenção de fazer treinamento dos professores, para eles se adaptarem às mudanças trazidas pelo Enem? As faculdades estão prontas para trabalhar essas novidades?

Os professores não estão preparados para a proposta da interdisciplinaridade do Enem. O Inep e o MEC buscam a ampla divulgação de todo o processo que envolve a montagem das provas do Enem, incluindo suas concepções pedagógicas, estudos regulares das matrizes de referência, metodologia de confecção (elaboração e revisão) das questões e análises dos padrões de respostas. Considerando que as questões do exame são elaboradas por docentes de todo o país, as ideias propostas são de amplo conhecimento e tendem a ser cada vez mais compartilhadas.

10 - Como a nota do Enem vai ser utilizada na UFRGS? A universidade pretende adotar o Enem como única forma de ingresso em breve?

O aproveitamento da nota do Enem no vestibular da UFRGS em 2012 é opcional. O candidato deve manifestar sua opção no momento da inscrição. Em caso positivo, o exame representará uma décima nota, com peso 2, a ser somada ao escore final do candidato. Não há nenhuma definição sobre alteração para os próximos concursos.

Mais dicas de especialista

O psicólogo Fernando Elias José é experiente em preparação para concursos e afirma que resolver exercícios de provas anteriores ajuda a relembrar e fixar conteúdos:

- Na reta final, uma das melhores formas de se preparar é resolvendo exercícios de provas anteriores. Isso ajuda a relembrar e fixar conteúdos

- A leitura de atualidades também é muito importante, pois os temas mais relevantes podem cair em questões e na prova de redação

- O último mês é muito importante para se tranquilizar – o aluno vai fazer uma checagem do que estudou nos últimos meses e vai identificar algum assunto específico que precise resgatar

- Cuidado para não mudar a rotina, como dormir menos ou mais, tomar um remédio que supostamente faz bem, comer alimentos que não está acostumado. Mudar hábitos na véspera pode trazer prejuízos físicos

- Olhar para a grama do vizinho do lado só traz mais preocupação. É comum na reta final alguns estudantes tentarem mostrar que sabem tudo. Enquanto isso, outros ficam mais inseguros. Não se compare, conserve a sua grama