O X da Educação | 17/09/2011 09h10min
As inscrições para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) já começaram, e a estudante Juliana Pires Giacobo, 17 anos, está prestes a tomar uma decisão. Em dúvida entre Direito e Administração, ela preferiu conversar com um advogado para conhecer mais sobre a rotina do profissional.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Estado, Ricardo Breier enfatizou a necessidade de atualização constante e muita leitura. O encontro faz parte do projeto Carreira no Alvo, que o caderno Vestibular publica em série desde abril deste ano. Confira trechos do bate-papo:
Vestibular – O que é importante para ser um bom advogado?
Breier – Advocacia exige atualização e muita leitura. Tive alunos que não gostavam de ler, mas quem quer ser advogado tem de se dedicar. A ferramenta do advogado é a leitura, depois a palavra. Ele só vai ter uma uma boa argumentação se tiver uma boa bagagem de leitura, que leva ao aumento do vocabulário. No tribunal, a gente logo vê quem está preparado.
Juliana – Gosto de ler, mas só o que me atrai. Isso me preocupa no Direito, porque não sei se vou conseguir me adaptar à quantidade de leitura.
Breier – Quando fiz faculdade, tinha coisas que odiava ler. Mas tem muitos ramos no Direito: do trabalho, tributário, de família, contratos, penal, comercial. Quando te identificares com uma área, vais ler mais, te aperfeiçoar. Vejo alguns alunos que fazem um ou dois semestres e já desistem. Mas só vais ter uma boa noção do curso lá pelo quarto, quinto semestre, quando vais ver todas as áreas.
Juliana – Nos cinco anos do curso de Direito, qual é o momento que precisa decidir a área que vai seguir?
Breier – Isso é muito relativo. Se tem familiares advogados, a pessoa vai se identificar com a área do escritório do seu familiar. Tudo tem a ver com a prática, com o estágio profissional. Pelo 6º semestre, é bom já começar os estágios. É importante ir conhecendo os escritórios, os processos. Isso vai te identificando com certas áreas.
Juliana – A que você atribui a alta taxa de reprovação na prova da OAB?
Breier – Faço parte do corpo da Ordem e constatamos que os alunos não estão saindo bem preparados da universidade. Se o aluno não tem uma base boa, terá dificuldades. Pode até ser aprovado, pois as médias para aprovação são baixas. O exame de Ordem é nacional, feito pela Fundação Getulio Vargas, e comprova que muitas faculdades estão longe do objetivo mínimo. Temos uma média de 500 novos advogados por semestre. Sem o exame, teríamos 5 mil.
Juliana – Advocacia me atrai por não ter rotina. Como é o dia a dia?
Breier – Na medida que tu vais crescendo na advocacia, vai crescendo teu espaço territorial. Conhece clientes do Interior, depois vai para outros Estados. Nos últimos sete ou oito anos, tive a possibilidade de conseguir esses clientes fora de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Faço viagens para audiências, reuniões. É preciso se organizar, ter autodisciplina. Faço minha ginástica de manhã, depois venho para o escritório. Se é um caso complicado, que exige bastante concentração, até é melhor ficar em casa. No escritório, o telefone não para.
Juliana – Como está o mercado de trabalho hoje em Porto Alegre?
Breier – É um mercado grande. Não vejo saturado, porque, infelizmente, a sociedade está em conflito. Sejam guerras entre condôminos, questão de contratos, direitos do consumidor, bancos e clientes. Sempre vai ter trabalho, mas precisa se destacar.
O que a Juliana achou da entrevista
“Achei muito interessante, porque uma coisa é se informar pela internet sobre o Direito, e outra é conversar com uma pessoa que trabalha com isso há 20 anos. Pude tirar minhas dúvidas e conhecer sobre a rotina de trabalho. Gostei da história de vida do Ricardo e todas as oportunidades que ele teve. Ainda não tenho certeza se é isso que eu quero, na teoria parece legal, mas não sei se vou me adaptar na prática.”
A profissão
O que faz: atua na advocacia, na carreira jurídica ou no ensino. Como advogado, pode trabalhar como profissional liberal, representando clientes em ações judiciais ou em empresas. Na carreira jurídica, atua na advocacia pública (representando os interesses do Estado e defendendo cidadãos que não podem assumir despesas judiciais), em delegacias de polícia (elaborando inquéritos), na magistratura (julgando os processos) e no Ministério Público (defendendo os interesses da sociedade perante o juiz nos tribunais).
Mercado: concursos públicos são frequentes para quem pretende ingressar na carreira jurídica. Para o advogado, o direito internacional, a questão ambiental e a informática (propriedade intelectual e crimes na internet) são áreas novas.
O curso: dura cinco anos e forma o bacharel em Direito. Para iniciar a carreira é preciso se submeter a prova nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ou a concursos públicos.
Onde estudar: confira a lista em emec.mec.gov.br
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