O X da Educação | 26/08/2011 14h48min
Pais que trabalham fora já estão familiarizados com essa rotina: acordar cedinho, deixar o pequeno na escola, voltar à tardinha para buscálo.
No reencontro, oito ou 10 horas depois, há muito o que perguntar, aventuras e brigas com os colegas, puxões de orelha da profe.
De um lado, um dia árduo de trabalho adulto; de outro, um dia comprido de escola.
Essa rotina — crescendo rapidamente também nas escolas particulares, que se apressam em instituir o turno integral — está diretamente relacionada às crianças de Educação Infantil e Ensino Fundamental, especialmente até a 5 ª série.
Afinal, a solução é cômoda e produtiva: em vez de ficar em casa diante da TV ou grudadas na internet, as crianças acumulam atividades esportivas e educativas em um turno extra na escola.
Meus dois filhos sempre estudaram e ainda estudam em turno integral.
Não posso esconder uma ponta (ou um iceberg) de culpa por deixálos o dia todo em ambiente escolar, longe do conforto de assistir a uma relaxante Sessão da Tarde com batida de leite e banana (ou seriam vídeos no Youtube com salgadinhos?).
Por outro lado, me seguro na tranquilidade de saber que Alice, quatro anos, e Antônio, 10 anos, estão com profissionais especializados, em atividades que podem ser ao mesmo tempo leves e produtivas.
Nada disso é novidade.
Mas a proposta que o ministro Fernando Haddad apresenta agora com o turno integral para o Ensino Médio vai além dessa rotina velha e conhecida, e por isso mesmo é ousada e provocativa: os jovens não vão ficar um turno a mais na escola porque não sabem se cuidar sozinhos.
E sim para construir um futuro profissional consistente.
Embora os adolescentes saibam esquentar o feijão, preparar uma massa instantânea e até, quem sabe, fritar um bife, é preciso dar atenção especial também a eles.
A possibilidade de alternar os conteúdos previstos no currículo tradicional com um ensino profissionalizante pode transformar a história de um jovem.
Mais do que evitar que ele se perca por aí, em situações de risco, oferecer uma profissão é abrir um caminho, criar uma possibilidade real, concreta como os desejos e as ansiedades que marcam essa fase da vida.
Essa realidade que se impõe com o aprendizado técnico tem o peso de mudar um destino.
E é para isso que inventaram a educação: para transformar.
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