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O X da Educação  | 18/06/2010 17h58min

A rede pública está encolhendo

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Padre Josimo nasceu em 1991, na zona rural de Eldorado do Sul, com 31 alunos e três professores. De uns anos para cá, não para de encolher. Em 2008, somava 18 estudantes. No ano passado, 13. Agora são 11. A equipe profissional ficou reduzida a uma pessoa, Claudia Lourdes Magnan, que acumula as funções de professora, diretora e merendeira.

– E hoje sou também bibliotecária, porque estou arrumando os livros da biblioteca – contou ela, em uma tarde de quinta-feira.

A rotina de Claudia prevê chegar à escola às 6h45min e ir para a cozinha iniciar o preparo da merenda. Se o cardápio do dia for espaguete, por exemplo, ela prepara o molho. Às 8h, começa a aula, oferecida ao mesmo tempo para as 11 crianças, de quatro séries diferentes. Na metade da manhã, deixa a turma com alguma tarefa e retorna à cozinha para terminar a merenda. À tarde, quando as crianças vão embora, assume a secretaria.

A escola de Eldorado do Sul é um retrato extremo da queda do número de alunos nos estabelecimentos públicos. Os números impressionam. Em apenas um ano, na passagem de 2008 para 2009, as salas de aula da rede estadual perderam 60 mil estudantes. Desde 2005, a redução é de mais de 200 mil matrículas – uma queda de 14,4%. Às voltas com escolas às moscas, o Estado extinguiu 174 de seus 2,6 mil estabelecimentos de ensino entre 2007 e 2009.

Redução pode permitir investimento em qualidade

O encolhimento da escola pública segue a tendência nacional e é um reflexo inevitável da queda acentuada do número de crianças e adolescentes, motivada pela redução da quantidade de filhos por mulher. O secretário estadual da Educação, Ervino Deon, afirma que a nova realidade significa a necessidade de mexer na gestão, de maneira a aproveitar melhor a estrutura e os professores.

Para o economista da educação Alberto de Mello e Souza, a queda no número de alunos é um “dividendo demográfico” e deve ser entendida pelas autoridades como uma oportunidade. Ela significa que, sem a necessidade de investir em ampliação de rede e sem um número tão grande de alunos, vai sobrar mais verba para gastar em qualidade.

Publicado em Zero Hora em 14/03/2010


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