O X da Educação | 18/06/2010 17h27min
Se para os especialistas aumentar o tempo dos alunos em sala de aula melhora a qualidade do ensino, para os estudantes pode ser o diferencial na conquista de uma vaga na universidade ou no mercado de trabalho.
Em março último, na volta às aulas e em meio à divulgação de um levantamento no qual o Estado aparece atrás da média nacional em número de horas-aula por dia, alunos reivindicaram mais tempo de estudo.
– Inglês, por exemplo, é muito importante, mas só temos uma hora por semana. No fim do Ensino Médio, vai fazer falta no vestibular – disse a estudante Victória Bertolucci, 14 anos, do Colégio Júlio de Castilhos, na Capital.
A insatisfação da estudante é um reflexo dos números. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelado por reportagem em ZH dominical, apontam que os alunos gaúchos têm, na média das redes públicas e privadas, quatro horas e 12 minutos de aulas por dia, enquanto a carga horária nacional é de cerca de 12 minutos superior. Em um ano letivo, são 10 dias a menos de aulas em relação aos colegas de escolas paulistas, líderes do ranking com cinco horas diárias. Para a estudante Carolina Bruno, 15 anos, também do Julinho, seria bom ter, e
poder escolher, mais atividades:
– Hoje temos artes, mas precisamos escolher entre teatro, desenho, pintura e escultura. Eu gostaria de fazer todas. A situação do Julinho, porém, é confortável em comparação à média estadual, com quatro horas e 35 minutos de aula por dia. De acordo com a diretora Leda Oliveira Gloeden, são seis períodos de aula durante o dia, e cinco durante o turno da noite. É o máximo que se pode estender.
Ampliar oferta de atividades é tendência nas particulares
Aluna do terceiro ano do Ensino Médio do Instituto de Educação Flores da Cunha, Ohara Reis, 17 anos, avaliou que ter mais tempo de estudo
seria um diferencial para o vestibular.
Na escola, ela tem aulas aos sábados e opção de reforço do conteúdo à noite. Transferida recentemente de São Paulo para a Capital, Magda von Galen, diretora do Farroupilha, afirma que há uma tendência, nas particulares, de ampliar a oferta de atividades, incluindo as extracurriculares. Nas públicas, a situação é mais complexa. Devido à carga horária limitada dos professores, não é possível ampliar o tempo dentro da sala de aula. Considerada modelo entre as escolas estaduais da Capital, a
Paraíba, na Zona Sul, conta com voluntários para, informalmente, segurar os alunos mais tempo na escola.
– Se fosse possível ampliar o número de horas-aula, o benefício seria para a população – acredita a diretora Leisa Severo de Oliveira.
Publicado originalmente em Zero Hora de 02/03/2010
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