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 | 23/09/2009 03h02min

“Se me excedi, foi defendendo o patrimônio” diz Maria Denise Bandeira

Professora e vice-diretora que puniu aluno por pichar parede de escola fala sobre o caso

Veja o que diz a professora Maria Denise Bandeira, que também é vice-diretora da escola, sobre o caso:

Zero Hora – A sua atitude provocou grande repercussão em todo o Estado, e a maioria dos comentários enviados por leitores lhe apoia.

Maria Denise
– Graças a Deus, as pessoas estão entendendo. Pichação é um crime. Se eu me excedi, foi tentando defender o patrimônio público. Se ele não pintasse, quem iria pintar? Eu já tinha pintado. Esse aluno já tinha pichado outras vezes, no dia em que pintamos tinha várias pichações com a palavra Pato (o apelido dele).

Zero Hora – Como foi a mobilização para pintar a escola? A tinta ainda estava fresca quando o caso aconteceu?

Maria Denise
– Sim. A gente tinha gasto quase R$ 1,9 mil para pintar toda a escola, a gente nem pagou ainda, o pessoal da igreja mórmon nos ajudou. No dia seguinte à pintura, eu estava com o braço tão dolorido que nem conseguia escrever no quadro. Mas ele disse para os colegas: “eu vou ser o primeiro a pichar”.

ZH – Os pais consideram que seu filho foi humilhado. A senhora se arrepende de alguma coisa?

Maria Denise
– Posso ter me excedido quando chamei ele de bobo da corte, foi num contexto específico. Eu disse que quem fazia isso de estragar o trabalho dos outros era bobo, que parecia coisa de bobo da corte. Disse que ele tinha que fazer a parte dele como cidadão. Aquela escola é deles, é o dinheiro deles, o nosso dinheiro. Eu nem moro em Viamão, moro em Teresópolis (Porto Alegre), mas estava trabalhando para melhorar a escola. Aquela é uma escola bem carente. Na hora do ato, eu estava estressada, a gente acaba se excedendo um pouco.

ZH – Por que ele teve de passar nas outras salas?

Maria Denise
– Era para ajudar a escola e mostrar para os outros alunos que quem pichasse iria pintar. Tínhamos feito uma campanha para os alunos doarem R$ 1 para ajudar a comprar as tintas, ele nem ajudou.

ZH – A senhora acha que o caso serve como uma lição?

Maria Denise
– Não quero que sirva como lição, eu só fiz a minha parte. Me arrependo pelo fato de o aluno ter ficado chateado, de não estar querendo voltar para a aula. Não me arrependo da punição que dei, mas não queria ter ofendido ele. Mas antes ele também aprontava, matava aula, pichava. Quem sabe isso faça ele pensar. Temos que cuidar desse patrimônio público, que hoje parece que não é de ninguém. Acho que tudo serve de aprendizado. Que ele não repita o que fez, e eu também aprendi.

ZH – A Secretaria da Educação estuda a possibilidade de lhe aplicar uma advertência. A senhora teme?

Maria Denise
– Eu entendo, se quiserem me dar uma advertência por eu ter chamado ele de bobo da corte, tudo bem. Mas pichação é crime. Às vezes, a gente se sente meio abandonado na escola, todo mundo só destrói, e nunca ninguém faz nada para ajudar. Não tenho medo de receber punição, eu estava dentro da minha escola trabalhando, tentando fazer o melhor, como cidadã.

Confira o vídeo em que professora obriga aluno a pintar parede pichada:

ZERO HORA
Jefferson Botega / 

“Se me excedi, foi defendendo o patrimônio” disse a professora Maria Denise Bandeira
Foto:  Jefferson Botega


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