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 | 28/05/2009 07h56min

Editorial: Não ao crack!

Faz parte da história e da tradição do Grupo RBS lançar bandeiras institucionais com temas de interesse social para seus públicos, tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina. Nossas campanhas, sempre com a adesão significativa dos gaúchos e catarinenses, já contribuíram para a proteção da infância, para a construção de estradas, para a valorização da educação e para favorecer a disciplina do trânsito, entre outras iniciativas. Pois hoje estamos lançando uma bandeira de guerra contra um inimigo terrível, que escraviza pessoas, destrói famílias, degrada a juventude, estimula o crime e provoca mortes. Estamos falando do crack uma droga devastadora que vicia na experimentação e condena seus usuários à degradação física, mental e social.

Só no Rio Grande do Sul, já existem mais de 50 mil dependentes deste verdadeiro inseticida humano, que começou a ser consumido entre os jovens das classes mais carentes e hoje atinge pessoas de todas as idades e de todos os estamentos sociais. O crack afeta, inclusive, a vida de quem nunca sequer viu a droga, pois está na raiz das tragédias familiares, na origem de roubos, assaltos e homicídios, na motivação do absenteísmo escolar e na interrupção de carreiras profissionais. É considerado pelas autoridades governamentais como um dos maiores problemas de saúde pública do Estado e como a principal causa da violência nos grandes centros urbanos. Tem, portanto, potencial para se transformar na pior epidemia da história do país.

Por tudo isso, pela dimensão do problema, é que a RBS resolveu encarar o desafio de convidar a sociedade gaúcha e catarinense para uma gigantesca campanha de prevenção, destinada prioritariamente a alertar quem não caiu ainda na armadilha e a evitar novas vítimas da ilusão fatal. Com a ajuda de autoridades e especialistas, elaboramos um projeto institucional, publicitário e editorial focado num objetivo principal: nenhum novo consumidor de crack em nossos Estados. A campanha também abordará a repressão aos traficantes e o tratamento para a recuperação de viciados, com o propósito de reduzir a incidência de episódios deploráveis que já se tornaram rotineiros na vida dos brasileiros, como crianças e adolescentes acorrentados, filhos agredindo os pais, dilapidando os bens da família e até mesmo sendo mortos por seus progenitores, na tentativa desesperada de se livrar do suplício imposto pela dependência.

A campanha terá cenas chocantes, como é efetivamente a realidade dos drogados e das pessoas que com eles convivem. Quem vive em cidades grandes não desconhece a existência de verdadeiros exércitos de zumbis que perambulam pelas calçadas escuras movidos unicamente pela pedra maldita. Nem parecem mais seres humanos: são farrapos de gente, pessoas que renunciaram à saúde, à vaidade e à dignidade para se deixar embalar pelo feitiço ilusório da fumaça tóxica que atinge o cérebro em segundos, aumenta o ritmo cardíaco, dilata as pupilas, eleva a temperatura e projeta o usuário para um estado de agressividade, de paranoia e torpor. O crack também causa problemas cardíacos, parada respiratória, derrames, infartos, náuseas, dores abdominais e perda de apetite. A saída deste labirinto de horrores é muito difícil de ser encontrada. O índice de recuperação das clínicas especializadas é baixíssimo e o de mortes, pelos estragos no organismo ou pela violência comum entre usuários e traficantes, é muito elevado.

A sociedade, infelizmente, não está preparada para lidar com esta maldição moderna. As famílias tendem a ocultar o problema quando um de seus membros mergulha no poço sem fundo e só procuram ajuda quando as relações domésticas estão irremediavelmente deterioradas. Pior: o poder público e o sistema de saúde não dispõem de alternativas para o atendimento desta população de dependentes químicos. A novela familiar é bem conhecida, porque se repete centenas de vezes em muitos lares. Jovens que experimentam a droga tornam-se dependentes quase que instantaneamente, sentem necessidade de usá-la 20 ou até 30 vezes por dia e são capazes de qualquer coisa para obtê-la. O caminho é quase sempre o mesmo. Os viciados começam roubando da própria família e depois partem para delitos cada vez mais graves e violentos.

A rede de saúde pública, não só no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina como também no país inteiro, está despreparada para atender ao aumento avassalador dos dependentes de crack. Por isso, a situação exige urgência na formulação e na prática de políticas públicas eficientes para enfrentar o tráfico, liquidar no nascedouro a produção e distribuição desta droga, e proteger a população do seu avanço, que se dá em velocidade aterrorizante entre os jovens de todas as classes socioeconômicas.

As causas da disseminação desta e de outras drogas são bem conhecidas: ambiente social favorável, decorrente de famílias desestruturadas e especialmente da ausência da figura paterna; crise social de valores e referências morais; baixo nível de informação e educação; baixo preço da droga; fragilidade do sistema repressivo e as já citadas carências do sistema público de saúde.

As consequências são terríveis: dor, prostituição, roubos, assassinatos, famílias destruídas, seres humanos degradados, transformados em personagens de filme de terror.

A solução depende de todos nós, da nossa capacidade de enfrentar o problema, do nosso poder de organização, da nossa vontade de lutar pelas pessoas que amamos, da nossa capacidade de dizer "não" a essa droga maldita com toda a força da nossa alma.
Não facilitar.

Não tolerar.

Não experimentar.

Não vacilar.

Não aceitar.

Não esmorecer.

Não desistir.

Não temer.

Não se omitir.

Crack, nem pensar.

ZERO HORA

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