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O X da Educação  | 04/03/2009 18h14min

O X da educação em três dimensões

Martim Saraiva Barboza, Professor, coordenador do Grupo de Educação Profissional da Agenda 2020

O papel da educação é formar pessoas competentes. E me alinho aos que entendem competência como a capacidade de mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes para resolver problemas.

Para ser competente necessitamos dos conhecimentos básicos exigidos pela profissão, das habilidades mentais e motoras necessárias ao desempenho das tarefas e de valores éticos e morais de cidadania.

Valores éticos e morais determinam nossas atitudes e estas garantem que conhecimentos e habilidade serão usados para solucionar problemas e não para criá-los. Sem o tripé conhecimento, habilidades e atitudes não há competência que se sustente e por isso avaliar educação requer olhar as três dimensões e não apenas conhecimento.

Somente educação de boa qualidade não nos transformará em uma nação desenvolvida, mas sem ela não chegaremos lá e para termos educação de qualidade precisamos resolver três problemas.

O primeiro diz respeito aos alunos e suas atitudes, reflexo do comportamento social brasileiro, que faz com que o educador, em vez de orientador de aprendizagem, utilize seu tempo solicitando, repetidamente, que os alunos sentem, não joguem papel no chão, não batam no colega, não saiam da sala sem pedir licença, desliguem o celular, parem de conversar e perturbar a aula e não destruam os bens públicos ou dos colegas etc. Desgaste e tempo perdidos. Sem falar que álcool e outras drogas estão na sala de aula. Para resolver esse problema necessitamos de uma escola com regras e com apoio social. Todos Pela Educação é um bom caminho.

O segundo problema diz respeito ao professor. Fragilidade dos cursos que os formam, carreiras mal estruturadas, mal avaliadas e mal remuneradas. E as consequências levando a um beco sem saída. A desvalorização da profissão afastando os melhores. Quem incentiva seus filhos a serem professores? Nem mesmo eles. Como serão os futuros educadores em sua base cultural, conhecimentos e visão de mundo, se oriundos de famílias de poucas oportunidades e formados por uma escola de baixa qualidade do ensino fundamental ao superior? Não justifica, mas isso talvez explique o corporativismo e a visão estreita e radical das lideranças sindicais.

O terceiro problema diz respeito à falta de investimentos. A sociedade do conhecimento mudou as organizações investindo na área da gestão, nas tecnologias e na qualificação e valorização das pessoas. Mas e as escolas? Estrutura, manutenção, equipe diretiva, corpo técnico, tecnologias? Comparemos inclusive com algumas instituições cujos prédios são feitos com dinheiro público.

Um alerta. As assombrosas diferenças salariais pagas pelos cofres públicos e o desperdício de dinheiro público, pelo país afora, caracterizam uma injustiça que ofende, gera revolta e exige mudanças. Deixar tudo como está é absurdo. Mudar é preciso.

Publicado em 20/02/2009


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