A eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos e a conquista do título mundial de Lewis Hamilton na Fórmula-1 reacenderam o debate sobre a presença dos negros no surfe. Fica a pergunta: quando o surfe terá um campeão mundial negro? Em reportagem da revista Fluir, alguns surfistas brasileiros falaram sobre o preconceito racial no esporte.

– Ainda existe o preconceito racional em todos os setores da sociedade brasileira, e no surfe não é diferente. É muito complicado saber quando surgirá um campeão mundial negro. Pode ser que tenhamos um daqui a poucos anos ou demore muitos e muitos anos. Mas se algum dia houver um campeão mundial negro, provavelmente ele será brasileiro –  diz Jojó de Olivença, bicampeão brasileiro de surfe.

Jeremias da Silva, campeão brasileiro de longboard em 2008, é mais otimista e afirma que o tabu está próximo de ser quebrado.

– Acho que não existe mais o preconceito racial. No surfe todo mundo é igual. Brancos, negros, esse preconceito só existe na cabeça de algumas pessoas que não têm uma mente boa. Afinal de contas todos nós somos iguais. Acho que está muito próximo o surgimento de um campeão mundial negro.

Já o big rider Evaristo Ferreira acredita que o mundo ainda vai demorar a ver um campeão negro.

– Com certeza ainda existe preconceito no surfe. É muito mais difícil para os negros, pobres e nordestinos conseguirem se dar bem no surfe. Quando falo para as pessoas que sou surfista profissional, muitas olham e pensam "esse cara aí é surfista?", como se os negros não pudessem ser surfistas profissionais. Acredito que não há possibilidades de um negro ser campeão mundial atualmente. Acho que isso vai demorar pelo menos uns 30, 40 anos infelizmente.