| 01/03/2011 20h33min
A insurreição líbia anunciou nesta terça-feira a criação de um conselho militar em Benghazi, no Leste do país, embrião de um futuro exército de libertação. A oposição tenta com dificuldade estendê-lo a outras cidades do Oeste e do Leste que já controla.
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— O conselho militar foi criado na noite passada — declarou Salwa Bughaighi, líder da oposição em Benghazi, a 1.000 km a leste de Trípoli.
A lista de membros deste conselho não foi ainda totalmente definida, mas o general Abdel Fatah Yunis, um ex-ministro do coronel Kadafi que se somou à oposição, não faz parte dele. O conselho deve, depois de instalado, fazer a ligação com organizações semelhantes em outras cidades "liberadas" do país.
Segundo Fathi Tirbil, um advogado respeitado e membro da oposição, "há ainda reticências sobre alguns nomes".
— Tentamos favorecer os oficiais que começaram a fazer a revolução desde o início — disse ele.
Militares que se somaram à causa anti-Kadafi falam há vários dias na realização de marcha ou operações de apoio aos opositores de Trípoli. Mas o general Ahmed Qatrani, encarregado da administração das forças militares em Benghazi, excluiu tal ideia.
Os militares em Benghazi tentam aconselhar insurgentes no Oeste sobre a maneira de lutar contra as forças pró-Kadafi. O exército regular chegou a ser muito enfraquecido pelo coronel Kadafi, temendo golpes de Estado, que vem usando milícias armadas. Soldados e civis se apresentaram voluntariamente para dirigir-se a Trípoli através do deserto, após receberem treinamento em Benghazi.
— Levam sua experiência a Trípoli — segundo o general Qatrani.
A oposição não tem, no entanto, notícias de muitos homens, que partem, às vezes, sem armamento.
— Pegaram 40 em Syrte e mataram 18 — conta Motaz Souleiman, um dos responsáveis pelo centro de "recrutamento" de voluntários.
Outros voluntários conseguiram chegar a Trípoli, e mil ganharam o oeste do país, segundo este centro. Ao mesmo tempo, médicos de Benghazi procuravam evacuar dezenas de feridos graves para o exterior, informou nesta terça-feira um responsável pelos serviços de saúde.
Ao menos 250 pessoas, segundo ele, foram mortas em Benghazi em confrontos com as forças pró-Kadafi. Mas os hospitais não têm condições de dar um número exato de mortos, mais de uma semana após a libertação da cidade.
Após 15 dias de contestação, a oposição controla todo o Leste e numerosas cidades do Oeste, com Trípoli e seus arredores sob o controle das forças pró-Kadafi.
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