| 22/02/2011 20h22min
A onda de violência no mundo árabe e, em particular, na Líbia, abalou as bolsas mundiais, em queda nesta terça-feira, e fez o preço do barril de petróleo disparar, em meio a temores sobre o abastecimento. As bolsas de Tóquio (-1,78%) e Hong Kong (-2,11%) caíram no fechamento, enquanto Paris (-1,15%), Londres (-0,30%) e Frankfurt (-0,05%) conseguiram limitar suas perdas após uma abertura em forte queda.
Fechada na véspera por um feriado nacional (Dia do Presidente), a Bolsa de Nova York fechou em queda: o Dow Jones Industrial Average caiu 178,46 pontos, a 12.212,79, enquanto o Nasdaq cedeu 77,53 pontos, a 2.756,42 unidades.
A primeira fonte de preocupação é o petróleo, que alcançou níveis inéditos desde 2008, principalmente pela situação na Líbia, um dos principais produtores de petróleo na África, que traz uma ameaça direta sobre o abastecimento. No New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de West Texas Intermediate (designação de "light sweet crude" negociado nos EUA) para entrega em março fechou em 93,57 dólares, em alta de 7,37 dólares (+8,55%) em relação à sexta-feira. Este contrato alcançou durante o dia 94,49 dólares, seu maior nível desde o início de outubro de 2008.
No IntercontinentalExchange de Londres, o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril ganhou 4 centavos, a 105,78 dólares, após alcançar 108,57 dólares, valor que não atingia desde 4 de setembro de 2008. O preço da cesta de 12 qualidades de petróleo bruto utilizado como referência pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) superou a barreira de 100 dólares pela primeira vez em dois anos e meio, alcançando os 100,59 dólares, segundo um comunicado divulgado nesta terça-feira pelo cartel.
A OPEP aumentará sua produção de petróleo em caso de escassez no mercado pelas revoltas no Oriente Médio e no norte da África, afirmou nesta terça-feira o ministro saudita de Petróleo, Ali al Nuaimi.
— Os distúrbios na Líbia preocupam particularmente por uma série de razões, incluindo a aparente determinação do regime de usar a força extrema para esmagar a oposição — disse o analista Julian Jessop, da Capital Economics.
A Líbia é o primeiro grande exportador de petróleo que sofre com grandes protestos, iniciados na Tunísia e no Egito, e o primeiro onde são registrados "significativos transtornos na produção de petróleo", acrescentou.
A situação no mundo árabe criou uma reação em cadeia no mundo econômico. Além da paralisação das economias dos países envolvidos - turismo em claro retrocesso, bolsas e bancos fechados durante dias -, ela afeta também empresas estrangeiras instaladas no norte da África. Frente à violenta revolta e à repressão do regime na Líbia, várias companhias petroleiras instaladas neste país - como a britânica BP, a francesa Total, a italiana ENI, a espanhola Repsol, a norueguesa Statoil e as alemãs Wintershall e RWE Dea--, começaram a evacuar seus funcionários.
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