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 | 22/02/2011 18h26min

Violência na Líbia já resulta em 300 mortos, entre eles 58 militares, segundo dados oficiais

Em Benghazi, moradores ainda temem bombardeios

Os atos de violência na Líbia deixaram 300 mortos - 242 civis e 58 militares -, segundo dados oficiais apresentados nesta terça-feira à noite pelo regime de Muamar Kadafi. Cerca de metade das mortes ocorreram na segunda maior cidade do país, Benghazi, situada 1.000 km a leste de Trípoli e foco da insurreição. Horas antes deste anúncio, o coronel Kadafi jurou em um discurso transmitido pela televisão restabelecer a ordem brandindo a ameaça de uma repressão sangrenta, garantindo que o regime ainda não "utilizou a força".

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Os combates em Benghazi, a leste da Líbia, cessaram nesta terça-feira, mas seus moradores temem que agora possam ocorrer bombardeios aéreos sobre esta cidade situada mil quilômetros a leste de Trípoli, segundo testemunhos coletados por telefone pela AFP.

— Desde segunda-feira à noite não há confrontos em Benghazi. O exército e os manifestantes tomaram Katiba Fadil Bouamar, o quartel da guarda presidencial, após duas horas de combate, entre as 20h e as 22h — afirmou Usama, um habitante de Benghazi, que não quis revelar seu sobrenome.

Esta cidade, a segunda maior do país, é a base da oposição ao regime do coronel Muamar Kadafi e o epicentro da revolta que começou em 15 de fevereiro. A organização não governamental Human Rights Watch, citando fontes de saúde em Benghazi, disse na segunda-feira que pelo menos 60 pessoas morreram no domingo na cidade.

Usama, que se apresenta como militar, disse ter ficado preso no quartel até ser libertado na sexta-feira por vários jovens. Segundo ele, cada vez que uma cidade cai nas mãos dos insurgentes o exército se une aos moradores. Também explicou ter conversado com amigos em Trípoli segundo os quais vários helicópteros dispararam contra quartéis do exército regular para impedir que os soldados se unissem aos manifestantes.

Cerca de 160 civis morreram nesta ação, afirmou. Este testemunho não pôde ser confirmado por nenhuma outra fonte.

Outra testemunha, Mayar, que vive no bairro Al Birkah, no sudoeste de Benghazi, afirmou que participaria nesta terça-feira à tarde de uma manifestação para apoiar os habitantes de Trípoli.

— Estamos muito afetados pelo que acontece em Trípoli. Meus irmãos e irmãs vivem um pesadelo. Meu marido não conseguiu sair da capital. Trípoli está em estado de sítio. Kadafi quer exterminar o povo — alertou.

Ela também disse que viu pessoas armadas saírem das ambulâncias e dispararem contra a multidão em Benghazi.

— Estive ontem (segunda-feira) no hospital Khalaa (de Benghazi) onde a situação é catastrófica, havia 60 cortejos fúnebres. No domingo, 100 cortejos fúnebres saíram do hospital — afirmou.

Os helicópteros sobrevoaram a cidade até o início da noite desta segunda-feira, enquanto eram ouvidos tiros nas ruas, afirmou Mayar. As duas testemunhas falam de rumores que circulam pela cidade segundo os quais Benghazi seria em breve alvo de bombardeios aéreos. Acrescentam que seus moradores se comunicam por SMS, já que as conexões de internet estão cortadas.

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AFP
 
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