| 12/02/2011 04h13min
O efeito dominó que varre o mundo árabe fez mais uma vítima: acuado após 18 dias de gigantescas manifestações populares, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, renunciou ao cargo. Uma junta militar assumiu o poder no mais populoso país da região
Uma torrente humana tão impetuosa como as águas do Nilo derrubou o longevo ditador do Egito. Por volta das 14h de ontem no horário de Brasília (18h no Cairo), veio o anúncio de que Hosni Mubarak, 82 anos, enfim renunciava. Seus 30 anos de autoritarismo no país árabe não resistiram ao 18º dia de protestos de um povo que tomou as ruas clamando por democracia.
Assim como outros tiranos que se aferram ao poder a ponto de apodrecer as instituições de uma nação, Mubarak saiu pela porta dos fundos e à sorrelfa. No seu último ato, ainda ontem, deixou o Cairo com a família em um avião da força aérea egípcia — onde foi piloto e chegou a general antes de assumir a presidência —, supostamente para o balneário de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho.
As milhares de pessoas que acampavam em vigília na Praça Tahrir, o tambor das manifestações, ficaram em suspenso. O ditador fugira? Ou preparava algum contragolpe, uma vez que no dia anterior garantira que não abandonaria o cargo? A tensão se desfez quando o rosto marmóreo do vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, apareceu na TV estatal para declarar:
— O presidente Hosni Mubarak decidiu renunciar como presidente do Egito, em razão das difíceis circunstâncias pelas quais o país passa.
Os protestos que haviam começado em 25 de janeiro, deixando mais de 300 mortos e cerca de 5 mil feridos, explodiram em júbilo. Na Praça Tahrir, alguns beijavam o solo, em lágrimas. Outros davam cambalhotas ao redor do palácio presidencial. As pessoas soluçavam, pulavam, gritavam. Estranhos se abraçavam, compartilhando uma alegria que fora reprimida pelo medo e pelas incertezas.
— Este é o dia mais feliz para minha geração — exclamava Ali al-Tayab, 24 anos, que nasceu sob o tacão do regime Mubarak.
A multidão dedicou a renúncia aos “mártires”, aos que tombaram nos enfrentamentos contra os seguidores armados do ditador. Antes sitiada, Cairo virou uma festa. Foguetório, buzinaços e até tiros para o alto celebraram o fim de três décadas de mandonismo.
— O povo derrubou o regime — era o cântico que se repetia.
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