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 | 01/02/2011 18h14min

FMI quer ajudar na reconstrução da economia do Egito

Diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional afirmou que o alto nível de desemprego contribuiu para a crise no país

O Fundo Monetário Internacional (FMI) está disposto a ajudar o Egito a reconstruir sua economia, afirmou o diretor-gerente da instituição, Dominique Strauss-Kahn, em Cingapura.

— O FMI está disposto a ajudar a conceber o tipo de política econômica que poderia ser aplicado no Egito — disse Strauss-Kahn no oitavo dia da revolta contra o regime do presidente Hosni Mubarak — A questão é saber como reconstruir. É válido para o Egito, mas também para os países que não estão vivendo estes trastornos, mas que estão quase na mesma situação.

>>> Mosaico: os protestos no Egito em imagens:
 

Strauss-Kahn voltou a lançar uma advertência contra o agravamento dos desequilíbrios mundiais e afirmou que a alta dos preços dos alimentos poderá ter "consequências potencialmente devastadoras" para os países mais pobres.

Em suas declarações numa conferência de imprensa após um discurso na autoridade monetária de Cingapura. Strauss-Kahn disse que não queria comentar a situação política no Egito, onde o presidente Hosni Mubarak enfrentava protestos popuplares que exigem sua saída.

— Mas claramente este é o tipo de situação que poderíamos esperar não só no Egito, quando vemos o problema criado pelo alto nível de desemprego — afirmou o diretor-geral do FMI.

Strauss-Kahn assegurou que o alto desemprego e as desigualdades eram "fortes componentes da agitação política na Tunísia e de crescente tensão social em outros países".

Gigantescas manifestações populares em Túnis terminaram no mês passado com o regime de 23 anos de Zine El Abidine Ben Ali, enquanto um movimento similar no Egito tenta colocar fim a três décadas de poder de Mubarak.

— À medida que aumentam as tensões entre os países, podemos ver a alta do protecionismo, comercial e financeiro — disse Strauss-Kahn — E à medida que aumentam as tensões nos países, podemos ver levantes sociais e instabilidade política — completou.


>>>Confira a cronologia dos incidentes:

De 17 a 20 de janeiro:

Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.

 
Foto: Martin Bureau, AFP

Dia 25:

Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.

Dia 26:

As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.

Dia 27:

Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.

Dia 28:

O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.


 
Foto: Reprodução, Egyptian TV

Dia 29:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.

Dia 30:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.

Dia 31:

No início do sétimo dia de protestos que exigem a renúncia do presidente Hosni Mubarak, o movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado e uma passeata de um milhão de pessoas para a terça-feira. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior - responsável pelas forças de segurança - foi substituído.O exército anunciou que não usará a força contra as dezenas de milhares de pessoas que se mobilizam no país para pedir a saída do presidente e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.

AFP
Khaled Desouki / AFP

Manifestantes estão reunidos no Cairo para protestar contra Mubarak
Foto:  Khaled Desouki  /  AFP


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