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 | 01/02/2011 16h50min

Rei jordaniano destitui premier para acalmar manifestantes

Oposição promete continuar com protestos

O rei Abdullah da Jordânia destituiu, nesta terça-feira, seu primeiro-ministro para tentar apaziguar os manifestantes, mas os islamitas estimam que o substituto "não é reformista" e prometem novas manifestações.

Em um momento em que a mobilização no Egito faz cambalear o presidente Hosni Mubarak, após a fuga para a Arábia Saudita, em 14 de janeiro, do também questionado ex-presidente tunisiano, Zine El Abidine Ben Ali, o monarca jordaniano nomeou para o cargo Maaruf Bajit em substituição a Samir Rifai, cuja renúncia havia sido pedida em várias manifestações nas últimas semanas.

Para o rei da Jordânia, Bajit, que já foi premier entre 2005 e 2007, terá que "adotar medidas rápidas e claras para efetuar reformas políticas reais (...) que sustentem a nossa ação a favor da democracia".

A oposição islamita e de esquerda organizou várias manifestações nas últimas semanas contra a carestia e para pedir reformas, criticando a política econômica de Rifai.

No entanto, a Frente de Ação Islâmica (FAI), principal partido de oposição, criticou a escolha de Bajit, um ex-militar, que foi embaixador em Israel (2002) e Turquia (2005), assegurando que "não é reformista".

O islamita FAI havia declarado anteriormente à AFP que, ao contrário do que acontece no Egito, seu partido não exige uma mudança de regime, mas reformas políticas.

— Parece que as reformas ainda não começaram a ser realizadas. Somos contra este primeiro-ministro — disse à AFP Hamzeh Mansur, secretário geral do FAI, afirmando que "os motivos das manifestações continuam vigentes" e que as mesmas prosseguirão.

— Bajit teve ao seu cargo as piores eleições legislativas da Jordânia quando era primeiro-ministro, em 2007 — acrescentou Zaki Bani Rsheid, do comitê executivo do FAI.

O rei reconheceu implicitamente que houve fraude nestas eleições, ao dissolver a Câmara de deputados em 2009, dois anos antes do fim do mandato.

No entanto, os islamitas boicotaram as eleições de 2009 para protestar contra a lei eleitoral que consideravam prejudicial para eles.

— A decisão do rei é surpreendente, já que na época de Bajit, as eleições foram duvidosas — afirma Mohamad Masri, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos da universidade jordaniana.

O FAI apresentou no domingo a Rifai "reivindicações escritas", em particular sua renúncia, e uma reunião "privada" entre o rei e uma delegação islamita estava prevista a curto prazo.

— O rei optou por destituir Rifai antes de se reunir com os islamitas para não dar a impressão de aceitar suas exigências — disse à AFP um ministro do governo em fim de mandato.

Bajit tem "alguns dias" para formar um novo governo, segundo o Palácio real, que tenta evitar que as manifestações ganhem vulto, como aconteceu na Tunísia e no Egito.


>>> Mosaico: os protestos no Egito em imagens:
 

>>>Confira a cronologia dos incidentes:

De 17 a 20 de janeiro:

Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.

 
Foto: Martin Bureau, AFP

Dia 25:

Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.

Dia 26:

As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.

Dia 27:

Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.

Dia 28:

O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.


 
Foto: Reprodução, Egyptian TV

Dia 29:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.

Dia 30:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.

Dia 31:

No início do sétimo dia de protestos que exigem a renúncia do presidente Hosni Mubarak, o movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado e uma passeata de um milhão de pessoas para a terça-feira. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior - responsável pelas forças de segurança - foi substituído.O exército anunciou que não usará a força contra as dezenas de milhares de pessoas que se mobilizam no país para pedir a saída do presidente e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.

AFP
Khaled Desouki / AFP

Manifestantes estão reunidos no Cairo para protestar contra Mubarak
Foto:  Khaled Desouki  /  AFP


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