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 | 01/02/2011 14h02min

Brasileiros ainda enfrentam dificuldades para deixar o Egito

A tensão aumentou nesta terça-feira em função da reunião de mais de um milhão de simpatizantes

Os brasileiros que estão no Egito ainda enfrentam dificuldades para embarcar de volta ao Brasil. Mesmo aqueles que estão no Aeroporto do Cairo - capital egípcia - correm o risco de perder os voos. A tensão aumentou ainda mais nesta terça-feira devido à manifestação, promovida pela oposição, para reunir mais um milhão de simpatizantes.

O trânsito da capital egípcia, que é habitualmente confuso, está mais difícil, segundo diplomatas. Na Embaixada do Brasil no Egito, há uma lista de 42 nomes de brasileiros que querem retornar. Paralelamente, há problemas causados pela falta de combustível e o toque de recolher, marcado para as 14h.

No caso do toque de recolher, as pessoas tentam fugir do rush saindo mais cedo de onde estão ou permanecendo em casa. Os diplomatas, que estão no Cairo, afirmaram que não há informações de casos de emergência envolvendo brasileiros, como doentes, hospitalizados ou feridos. As dificuldades se agravaram porque, sem combustível nos postos, há problemas para que os brasileiros deixem o hotel em direção ao aeroporto. Também não há transporte público em funcionamento no país. 

Nesta segunda-feira o Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, recomendou que os planos de viagem para o Egito sejam suspensos até que a situação no país se normalize. Há uma semana, manifestantes pedem a saída do atual presidente egípcio, Hosni Mubarak. Os protestos são repreendidos pelo governo. Por isso, o Brasil desestimula as viagens.

— A Embaixada do Brasil no Cairo desestimula qualquer viagem ao Egito até que a situação volte à normalidade, e tem atuado no retorno antecipado dos brasileiros que se encontram no país — diz a nota oficial.

O Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil no Egito se coloca à disposição dos brasileiros nos seguintes números de telefone (00xx202) 2575-6877 e 2577-3013. O número do plantão diplomático é: (00xx2010) 8177678.

>>>Confira a cronologia dos incidentes:

De 17 a 20 de janeiro:

Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.

 
Foto: Martin Bureau, AFP

Dia 25:

Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.

Dia 26:

As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.

Dia 27:

Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.

Dia 28:

O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.


 
Foto: Reprodução, Egyptian TV

Dia 29:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.

Dia 30:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.

Dia 31:

No início do sétimo dia de protestos que exigem a renúncia do presidente Hosni Mubarak, o movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado e uma passeata de um milhão de pessoas para a terça-feira. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior - responsável pelas forças de segurança - foi substituído.O exército anunciou que não usará a força contra as dezenas de milhares de pessoas que se mobilizam no país para pedir a saída do presidente e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.

AGÊNCIA BRASIL
Khaled Desouki / AFP

Manifestantes estão reunidos no Cairo para protestar contra Mubarak
Foto:  Khaled Desouki  /  AFP


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