| 01/02/2011 12h51min
O principal opositor do governo do Egito, Mohammed ElBaradei, afirmou nesta terça-feira que o presidente egípcio, Hosni Mubarak, deve deixar o poder até sexta-feira, dia 4. Desde a semana passada, Mubarak enfrenta uma onda de protestos reivindicando sua saída. Hoje a oposição disse ter reunido o maior número de manifestantes no país - cerca de 1 milhão de pessoas. No início do sétimo dia de protestos que exigem a renúncia do presidente Hosni Mubarak, o movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado e uma passeata de um milhão de pessoas para a terça-feira. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior - responsável pelas forças de segurança - foi substituído.O exército anunciou que não usará a força contra as dezenas de milhares de pessoas que se mobilizam no país para pedir a saída do presidente e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.
A comissão que representa as forças da oposição egípcia, incluindo ElBaradei, informou por meio de comunicado que só inicia negociações após a saída de Mubarak.
— [Espero que] Mubarak deixe o país antes desta data. Penso que ele não vai querer ver mais sangue derramado — disse ElBaradei, referindo-se aos confrontos que há uma semana fizeram cerca de 300 mortos, segundo informações das Nações Unidas com base em dados de organizações não governamentais.
Diplomata de carreira, ElBaradei é apontado como o principal nome da oposição. ElBaradei elogiou a sugestão de buscar o diálogo, feita pelo novo vice-presidente do Egito, Omar Suleimane, mas disse que para isso é fundamental que Mubarak deixe o poder.
— Se o presidente Mubarak for embora, tudo vai correr bem. Espero que ele tenha compreendido isso e que deixe o país para dar início a uma nova era e evitar (mais) derramamento de sangue — declarou.
Nos últimos dias, Mubarak trocou parte da equipe ministerial e prometeu mudanças. Contudo, há denúncias de censura aos meios de comunicação, incluindo a internet, violência contra manifestantes e ameaça de desabastecimento no país.
>>>Confira a cronologia dos incidentes:
De 17 a 20 de janeiro:
Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.
Foto: Martin Bureau, AFP
Dia 25:
Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.
Dia 26:
As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.
Dia 27:
Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.
Dia 28:
O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.
Foto: Reprodução, Egyptian TV
Dia 29:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.
Dia 30:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.
Dia 31:
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