| 01/02/2011 10h49min
A crise política no Egito levou as empresas gaúchas Marcopolo e Randon a suspender atividades no país até que a situação se normalize.
De acordo com a assessoria de imprensa da Marcopolo, a fábrica está parada desde sábado, devido aos toques de recolher, à falta de energia e de matéria-prima. Três brasileiros atuam na empresa, fabricante de ônibus, no Egito. Outros cerca de 700 funcionários são egípcios. Segundo a assessoria, a administração no Brasil mantinha contato diário, de três em três horas, por meio de celulares brasileiros com os funcionários no Egito.
Como a situação está se agravando e começa a faltar água e comida no país, além da indefinição quanto à solução da crise política, a empresa decidiu trazer de volta os brasileiros. Eles devem chegar ao Brasil entre hoje e amanhã. São dois gaúchos e um paulista.
Também de Caxias do Sul, a Randon está com a produção de seus semi-reboques parada no Cairo desde a última semana. A empresa tem parceria com a Egypt Power para a montagem de seus produtos e exporta ao ano US$ 5 milhões em peças para serem montadas pela terceirizada. Um negócio ainda incipiente perto do faturamento de R$ 1,7 bilhões anuais. Desde o final do ano passado, a empresa não tem funcionários brasileiros na unidade.
— Acreditamos que a produção logo deva voltar ao normal, sem afetar a nossa situação — diz o diretor Comercial da Randon, César Pissetti.
>>>Confira a cronologia dos incidentes:
De 17 a 20 de janeiro:
Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.
Foto: Martin Bureau, AFP
Dia 25:
Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.
Dia 26:
As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.
Dia 27:
Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.
Dia 28:
O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.
Foto: Reprodução, Egyptian TV
Dia 29:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.
Dia 30:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.
Dia 31:
No início do sétimo dia de protestos que exigem a renúncia do presidente Hosni Mubarak, o movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado e uma passeata de um milhão de pessoas para a terça-feira. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior - responsável pelas forças de segurança - foi substituído.O exército anunciou que não usará a força contra as dezenas de milhares de pessoas que se mobilizam no país para pedir a saída do presidente e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.
ZERO HORA
De acordo com a assessoria de imprensa da Marcopolo, a fábrica está parada desde sábado
Foto:
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